Os protestos de atletas e a repercussão negativa da última assembleia do Comitê Olímpico Brasileiro, que definiu um aumento considerado pequeno para a participação dos atletas na decisão do órgão, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) recuou. Na noite desta terça-feira (28), por meio de nota oficial, a entidade que rege o voleibol no Brasil informou que votará para que os atletas sejam representados por 12 membros, em vez dos cinco aos quais teriam direito conforme a decisão anterior.
O posicionamento vem após vários atletas e entidades repudiarem a decisão do COB. O presidente da CBV, Walter Pitombo Laranjeiras, conhecido como Toroca, disse que apoiará a decisão de doze votos entre os atletas em vez das cinco consideradas anteriormente porque a decisão anterior havia sido tomada por um entendimento de que “tudo que previamente havia sido apresentado” na assembleia do COB “estaria aprovado sem modificações”.
A CBV também se disse “surpreendida” com as informações de que os atletas apresentavam baixo quórum na escolha de seus representantes. “Em nenhum momento a CBV quis ir contra a participação efetiva dos atletas no processo de modernização esportiva nas instituições”, afirmou o presidente da CBV na nota. Contudo, o voto da entidade foi de alterar de uma para cinco as vagas dos atletas no COB.
Entenda. Dirigentes de 15 confederações esportivas derrubaram uma das principais mudanças previstas para o novo estatuto do Comitê Olímpico do Brasil (COB), aprovado em Assembleia Geral nesta quarta-feira (22), na sede da entidade, no Rio. Com direito à impugnação de um voto contrário, eles determinaram que os atletas terão direito a apenas cinco votos nas assembleias do comitê a partir de agora. O texto que foi a votação, defendido por entidades ligadas a atletas e pela própria comissão estatuinte, previa 12. A proposta de redução de 12 para 5 partiu da confederação de tiro esportivo e ganhou apoio de metade dos votantes.
Um dos votantes, Eduardo Mufarej, da confederação de rúgbi, deixou o local mais cedo, mas antes declarou seu voto em favor do aumento para 12 atletas nas assembleias. Quando a proposta foi a votação, houve empate em 15 a 15. Com isso, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, que votou por cinco atletas nas assembleias, defendeu a impugnação do voto de Mufarej. E os outro 14 que votaram pela redução da representatividade prevista conseguiram o seu pleito.
Além dos dirigentes do tênis de mesa e do tiro esportivo, votaram contra o aumento os dirigentes das confederações de boxe, canoagem, ciclismo, ginástica, handebol, levantamento de peso, pentatlo moderno, remo, tae kwon do, tênis, tiro com arco, vôlei e luta olímpica.
A mudança frustrou membros da comissão estatuinte. “Obviamente, não foi o que a classe gostaria, que era um terço”, disse Tiago Camilo. “Eles (representantes de confederações) achavam que era muito”.
O argumento dos que votaram por cinco representantes é que isso representa “um aumento de 500% em relação ao que era. Camilo, porém, lamentou a decisão e usou a própria votação como exemplo. “Eu tinha direito a apenas um voto. O que a gente quer é justamente que seja mais democrático”, declarou o ex-judoca.
Após a decisão, conforme a reportagem de O TEMPO mostrou, diversas entidades de atletas se manifestaram contra a votação da assembleia do COB.