Nos dois dias (23 e 24/4) da operação ‘antigatos’ realizada pela Cemig em Uberlândia foram identificadas irregularidades em 60% das inspeções. O mutirão continua nesta quarta-feira (25) e até o momento 45 instalações foram visitadas, superando o número inicialmente previsto de 37 inspeções na cidade. Outros municípios da região devem receber ação semelhante.
Cerca de 150 profissionais da Cemig participaram, nos dias 23 e 24/4, de uma grande operação antigatos que aconteceu simultaneamente em todas as regiões do estado. A expectativa da empresa é realizar, durante os dois dias, 400 inspeções por suspeita de fraudes e ligações clandestinas e 5.200 cortes por inadimplência.
Em Uberlândia, a previsão inicial era realizar 37 inspeções e 600 cortes. Só no ano passado, no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, foram realizadas 6.459 inspeções, sendo que em 3.681 foram encontradas irregularidades, com 57% de acerto.
As ligações irregulares e clandestinas, popularmente conhecidas como gatos, geram prejuízo anual de aproximadamente R$ 300 milhões à companhia. De acordo com Armando Fernandes Rocha, engenheiro de planejamento energético da Cemig, a tarifa dos consumidores mineiros poderia ser até 5% mais barata se não houvesse ligações irregulares e clandestinas na área de concessão da Cemig. Por isso, a companhia investe em operações e possui, ainda, um centro de inteligência que acompanha o consumo em tempo real de todos os seus clientes.
“Acompanhamos o consumo dos mais de 8 milhões de clientes e, além de fazer a rotina diária de inspeções através dessas avaliações de consumo, fazemos inspeções rotineiras e mutirões em todos o estado. Temos encontrado muitas irregularidades e, ao corrigi-las, conseguimos preservar a receita da companhia”, destaca o engenheiro.
Armando Rocha ressalta que essa fraude acontece em todas as classes sociais e precisa ser combatida exaustivamente para conscientizar a sociedade: “É uma questão de cultura e estamos combatendo isso. O prejuízo é rateado entre a Cemig e todos os consumidores adimplentes, diminuindo os ganhos da distribuidora e encarecendo a tarifa para aqueles que usam a energia de maneira honesta”.
Prática é criminosa
Caso seja confirmada a irregularidade pela Cemig, o titular da unidade consumidora pode responder criminalmente, já que a intervenção é crime previsto no artigo 155 do Código Penal e prevê multas e pena de um a oito anos de reclusão, além da obrigação de ressarcimento de toda a energia furtada e não faturada em até 36 meses, de forma retroativa.
“Além da sobrecarga na rede elétrica, as ligações irregulares podem causar graves acidentes, danos aos equipamentos elétricos e queda na qualidade da energia, devido às constantes interrupções no sistema elétrico provocadas pelo consumo irregular. Vale lembrar, ainda, que várias ocorrências de rompimento de fios e queima de transformadores são registradas devido a essa prática criminosa”, finaliza Armando Rocha.
As ligações irregulares e clandestinas representam a segunda maior causa de mortes com eletricidade no Brasil, atrás apenas de acidentes fatais na construção civil e manutenção predial. A população pode denunciar irregularidades pelo telefone 116. O risco de acidentes decorre da falta de padronização e de proteção adequada das ligações ilegais, que muitas vezes deixam os cabos de energia expostos.