O atropelamento aconteceu na MGC-135, a poucos quilômetros da saída de Montes Claros para Mirabela, perto da pedreira Cros. De acordo com testemunhas, o ciclista Dê Bike estava a frente de um grupo de seis ciclistas, que seguiam no acostamento da rodovia, em “fila indiana”.
Ele tinha se distanciado do restante do grupo quando foi atropelado por um motorista de um carro de passeio, que teria dormido no volante e perdido o controle da direção. Ao ser atingido, o ciclista teria fraturado o pescoço. Colegas dele tentaram reanimá-lo, mas sem sucesso. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência (Samu) constatou a morte da vítima no local.
O empresário e desportista havia participado e vencido recentemente uma corrida amadora de bicicleta em Januária, também no Norte de Minas. Junto com seus colegas, ele se preparava para uma nova competição prevista para junho, em Mirabela, na mesma região.
O acidente fatal com o Dê Bike causou grande repercussão em Montes Claros, com cobrança nas redes sociais por mais segurança e respeito ao ciclistas no trânsito, especialmente, nos trechos rodoviários.
O empresário e também ciclista Emilson Durães, amigo da vítima, fez um apelo pela conscientização dos condutores dos veículos motorizados em relação aos cuidados com os amantes do pedal nas rodovias.
“Gostaríamos de pedir aos motoristas que redobrem a atenção nas estradas. Aquele (a) ciclista é alguém que saiu para cuidar de sua saúde física e mental. Deixou em casa pessoas que o (a) amam e dependem dele (a)”, conclamou Emilson.
Segundo o ciclista, além da falta de segurança, eles também enfrentam a discriminação e o desrespeito no trânsito. “Muitas vezes o ciclista está pedalando e passa um motorista e xinga ele de 'vagabundo' e de 'gente à toa'. Está faltando respeito ao ciclista”, reclama o empresário.
Outros casos
O atropelamento de Dê Bike foi o segundo acidente grave envolvendo ciclistas em rodovias em Minas em um intervalo de dois dias. Na manhã de sábado, o ciclista Thiago Barbosa Bento, de 33, foi atropelado na BR-356, perto do BH Shopping, no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ele foi levado em estado grave para o Hospital João XXIII, entrando em coma induzido.
Também no sábado, um ciclista, de 59 anos, perdeu a vida na área urbana de Curvelo, na Região Central do estado, depois que sua bicicleta despendeu de uma erosão de cinco metros em uma rua do Bairro Chácara Santo Antônio.
Reportagem publicada pelo Estado de Minas, em 18 de abril, escancarou a face do perigo a que são expostos os adeptos do transporte sobre duas rodas ao mostrar uma sequências de três mortes de ciclistas, vitimas de atropelamentos às margens de rodovias em Minas Gerais, na primeira quinzena do mês passado.
Conforme revelou o EM, no Brasil, diariamente, são registradas em torno de sete mortes de ciclistas em acidentes de trânsito, aponta o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, expondo o risco sobre duas rodas.
Os últimos dados disponíveis do Ministério da Saúde mostram uma taxa média de 0,6 morte de ciclistas por cada 100 mil habitantes no Brasil, o mesmo percentual de Minas Gerais.
O levantamento é de 2021, mas, de acordo com a pasta, os dados divulgados ainda são preliminares, o que significa que podem ser alterados, ou seja, os números de óbitos de ciclistas pode aumentar.
Em Minas Gerais, os dados preliminares do Ministério de Saúde também apontam uma taxa de 0,6 óbito de ciclistas por 100 mil habitantes, com o registro de 260 mortes em 2021, ou seja, mais de uma morte (1,4) a cada dois dias. Em 2020, tinha sido registrada em Minas a taxa de 0,7 óbito por 100 mil habitantes, com 286 vidas de ciclistas perdidas no trânsito.