Nos últimos dias, duas mensagens circularam pelo WhatsApp afirmando que a volta da greve dos caminhoneiros era iminente. Ambas davam a próxima segunda-feira (4) como data do retorno da paralisação. Porém, listamos indícios que mostram que as notícias circulando não passam de boatos.
1. Velha história
Quantas vezes você recebeu uma corrente daquele tiozão no grupo de família que tinha um certo tom vago, mas extremamente alarmista? Aposto que hoje mesmo chegou uma no seu celular, não?! Então, é basicamente assim que os boatos se disseminam.
A ideia de criar um contexto onde uma comunidade seja afetada pela escassez de um serviço, produto ou conduta é comum ao longo da história e causa pânico. Ela pode ser explicada por alguns princípios de comunicação. Nesse contexto, a falta de detalhes e a simplificação são propositais, pois o problema é apontado e tudo se concentra nele.
2. Contágio
Os dois textos que circulam mostram como o presente e o futuro serão contaminados por esse problema. Assim, trouxeram a memória recente da escassez de produtos e dificuldade de trânsito graças à greve. Para aumentar ainda mais a histeria, criam o pânico de “o que acontecerá?”, trazendo temor à população. Lembrou dos “textões” cheios de emojis?
3. Unanimidade e verossimilhança
Para aumentar, eles utilizaram a ideia de que o pânico por uma nova greve era um assunto de interesse geral e criaram um sentimento em torno do fato escolhido. Para justificá-lo, falaram que lideranças dos caminhoneiros já organizavam a nova paralisação. Durante a greve, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) tomaram à frente do movimento. Nenhuma delas falou publicamente sobre uma nova greve.
4. Multas
Ainda que houvesse uma mobilização, há uma multa estipulada em R$ 100 mil por hora de bloqueio de entidades, movimentos ou caminhoneiros autônomos que paralisem ou bloqueiem estradas. Financeiramente seria inviável.
5. Contrário
O que se percebe é que o movimento está no fim, ainda que alguns caminhoneiros resistam e tentem levantar algumas pautas. As entidades anteriormente citadas, inclusive, tiveram quase todos os pedidos atendidos e colocaram locais para que os caminhoneiros coagidos a ficarem parados façam denúncias.