Depois de as Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas) receberem na madrugada desta quarta-feira (30) pelo menos 53 caminhões escoltados pela PM, a oferta de alguns produtos do hortifruti aumentou consideravelmente. Como consequência disso, houve expressiva queda no valor de alguns alimentos, como o da cenoura e do tomate. Já os preços do mamão, da banana e da batata, por exemplo, continuam altos, uma vez que a oferta desses produtos ainda é considerada baixa.
A caixa da cenoura de melhor qualidade, que chegou a custar R$ 150 na terça-feira (29), foi vendida a R$ 60 nesta quarta-feira (30) no Mercado Livre do Produtor (MLP) do Ceasa. Também na terça-feira, a Ceasa recebeu dois caminhões carregados de cenoura, e o painel de controle de produtos indicava a entrada de 1.800 caixas de cenouras. Já nesta quarta, o número de caminhões saltou para oito, e entraram cerca de 7.375 caixas de cenoura na Ceasa.
Produtor de São Gotardo, cidade do Alto do Paranaíba, Marcos Correia, 43, que comercializa o vegetal, destacou a melhoria nos preços. “As cenouras 1 A e G (de qualidade inferior) passaram de R$ 100 a R$ 80 para R$ 30. Os preços vão voltando ao normal gradativamente”, falou.
O tomate também ficou mais barato com o aumento da oferta. Na terça-feira, a caixa do vegetal foi vendida a R$ 70, mas na quarta, o preço dela já tinha caído para R$ 30. O painel da Ceasa apresentava que a entrada do produto duplicou: na terça, chegaram 10.490 caixas de tomate, e na quarta, o número foi para 22.930.
Parte da mercadoria que chegou à Ceasa estava no caminhão do produtor rural Lucimar Rocha de Souza, de 40 anos. Ele afirma que seu veículo precisou ser escoltado pela Polícia Militar. “Nestes dias, perdi quatro mil caixas de tomate, o que dá um prejuízo de cerca de R$ 100 mil”, avalia.
Outros produtos como abóbora menina, beterraba, cebola, coco, couve-flor, inhame, jiló, limão, melancia, morango, ovos e quiabo também tiveram aumento da oferta entre terça e quarta-feira.
A dona de casa Regina Silva, 59, Contagem conta que faz suas compras há 20 anos no Ceasa e percebeu que o maior impacto da greve dos caminhoneiros foi a queda de variedade dos alimentos. “Tem espaços da Ceasa sem mercadoria nenhuma, mas, pelo menos hoje, está bem melhor”, observa.
Outros produtos continuam caros
Nem todos os alimentos comercializados no Ceasa, entretanto, tiveram aumento na oferta, o que significa que seus preços continuam altos. O mamão é um deles. Na terça-feira, chegaram ao Ceasa 2.100 caixas de mamão formosa, e, na quarta, esse número caiu para 700.
Vendedor de banana e mamãe de Jaíba, no Norte do Estado, Adão Aparecido Sula, 40, conta que a caixa de mamão, que normalmente é vendida a R$ 25, tem sido comercializada por até R$ 70. “As mercadorias estão todas perdendo lá na roça, não tem como vender nem lá nem aqui. Tive que dar férias coletivas para os meus funcionários”, lamenta.
A batata talvez tenha sido o produto que tenha ficado mais caro nos últimos dias. Em dias normais, chegam à Ceasa entre 40 e 70 caminhões carregados com o produto. Na terça-feira, porém, nenhum veículo com o alimento foi visto, e nesta quarta, cinco caminhões descarregaram batata no MLP, de acordo com Vando José de Godói, de anos 32 anos, produtor rural de de Bom Repouso. “Antes da greve, a caixa da batata extra estava girando numa média de R$ 60 a R$ 70 reais, hoje, o preço vai de R$ 200 a R$ 350”, afirma.
“Dois caminhões meus, que estavam parados nas manifestações, chegaram nesta quarta, porque os policiais escoltaram. Essa batata ainda está um pouco melhor, mas a que veio de manhã estava mais fraca. Antes da greve, a caixa da batata extra estava girando numa média de R$ 60 a R$ 70 reais, hoje, o preço vai de R$ 200 a R$ 350”, comenta.
Outros produtos como abacaxi, alface, laranja, mandioquinha, manga, milho verde e uva não sofreram aumento da oferta entre terça e quarta-feira.
Nota oficial
A Ceasa informou que não se pronunciará sobre os impactos causados pela greve dos caminhoneiros na compra e venda de alimentos.