Entregando cartas e pequenas encomendas, os Correios transformaram-se numa das maiores empresas do país. Nunca foi tão difícil, contudo, manter tal posição.
O principal negócio da companhia —a distribuição de correspondências— míngua a cada dia, e a estatal, com isso, passou a enfrentar uma crise de eficiência.
Desde 2009, as receitas cresceram 35%, chegando a R$ 16,7 bilhões, mas os custos aumentaram 60%. No ano passado, o lucro foi de parcos R$ 300 milhões, uma forte queda ante o mais de R$ 1 bilhão obtido em 2012.
“O resultado neste ano será igual ou até mais baixo”, diz Wagner Pinheiro, presidente dos Correios, à Folha. “Mudamos de patamar. Fazíamos investimentos muito baixos e estávamos ficando com uma estrutura cada vez mais velha. Revertemos isso.”
A estatal sabe que, daqui para frente, será preciso cortar gastos, elevar investimentos e, por fim, mudar completamente a cara do negócio.
Neste ano, a meta é reduzir em R$ 600 milhões as despesas, o equivalente a mais de 20% dos gastos de 2013.
Para isso, a empresa contratou a consultoria de Vicente Falconi, uma espécie de guru da gestão no país. Pagou quase R$ 30 milhões para aprender a não gastar tanto. “Vamos rever a contratação de fornecedores, os serviços de terceiros, renegociar contratos. Apertar os cintos de verdade”, diz Pinheiro.
NOVO FOCO
Para sobreviver, não bastará, porém, tornar-se uma estatal mais enxuta. A ideia é transformar os Correios numa companhia de logística, aproveitando a expansão do comércio eletrônico no país.
A estatal já mantém parcerias com varejistas como Magazine Luiza e Ponto Frio, mas quer avançar no segmento com a marca Correios Cargo. Em análise, está a chegada de um sócio para ajudar a companhia nos planos de expansão. “É um mercado potencial de mais de R$ 150 bilhões ao ano”, diz Pinheiro.
Segundo ele, mais de 70% das receitas dos Correios virão do segmento de logística e entrega de encomendas no futuro. O restante deve vir de produtos financeiros, serviços postais eletrônicos e até mesmo da telefonia móvel.
A ideia é que os novos braços de atuação sejam explorados sempre com um sócio. Os investimentos no Banco Postal, que passará a oferecer crédito neste ano, serão feitos com o Banco do Brasil.
A entrada no segmento de certificação digital, e-mail e digitalização de documentos acontecerá em parceria com a Valid, que atua no segmento de meios de pagamento, como produção de cartões.
Já a incursão em telefonia ocorrerá com a Poste Italiane, os correios da Itália. A estatal espera começar a vender seus primeiros chips de celular ainda em 2014. Será uma “operadora virtual”, utilizando a infraestrutura de uma empresa de telefonia já estabelecida no país.
Os investimentos, contudo, só devem começar a refletir no resultado da companhia em 2016.