O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define hoje (20) a taxa básica de juros, a Selic. A decisão será divulgada às 18h. Para instituições financeiras consultadas pelo BC, a Selic deve ser mantida no atual patamar – 6,50% ao ano até o final de 2018. Em maio, após um ciclo de 12 quedas consecutivas, o Copom decidiu manter a Selic no atual patamar – menor nível histórico. Para 2019, as intuições financeiras esperam por aumento da Selic, encerrando o período em 8% ao ano.
O diretor executivo de Estudos e Pesquisas da Associação Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, também acredita na manutenção da Selic. “Mas, essa é uma reunião que tanto o Banco Central teria motivos para subir a taxa de juros quanto teria motivos para manter ou reduzir”, disse. Segundo ele, os juros poderiam ser reduzidos para estimular a economia, em recuperação lenta e com alta taxa de desemprego. “Seria possível reduzir os juros, porque a atividade econômica está muito ruim e tem inflação baixa que permite isso. Entretanto, temos um horizonte de incertezas eleitorais. Isso leva o Banco Central a ser mais cauteloso”, acrescentou. Por outro lado, Oliveira explica que a alta do dólar pressiona a inflação, por meio de produtos e insumos importados. Esse poderia ser um motivo para elevação, mas o BC já deixou claro que a política monetária brasileira não reage de forma automática à alta do dólar. Para o BC, os choques externos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva.
Para o superintendente da Assessoria Econômica da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, não há sinais evidentes de excesso de demanda e de alteração significativa no balanço de riscos de inflação. Por isso, na avaliação dele, o BC deve manter a Selic.
Gonçalves acredita que para as próximas reuniões o Copom deve monitorar os impactos da alta do dólar nos preços. “A elevação dos prêmios de risco, agravada pelo conturbado cenário político, desfavorece as decisões de investimentos e consumo e mitiga as possibilidades de pressão pelo lado da demanda. O risco maior advém da provável intensificação da volatilidade, por causa das incertezas originadas pelas perspectivas oferecidas pelo cenário eleitoral e pelo ritmo do processo de normalização monetária nos Estados Unidos”, analisou Gonçalves.
Com a alta dos juros dos Estados Unidos, investidores com capital aplicado em países emergentes, como o Brasil, podem preferir aplicar em títulos do Tesouro americano. Este é um dos efeitos que fazem com que o dólar se valorize em relação ao real. A menor oferta de moeda americana no mercado de câmbio nacional eleva o seu preço.
Inflação
Para Gonçalves, a alta do dólar e a greve dos caminhoneiros elevaram pontualmente a inflação. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de 0,22% em abril para 0,40% em maio, tendência que deve persistir em junho, na avaliação do economista. Entretanto, ele acrescenta que há “boas chances” de essa alta se dissipar no médio prazo.
Segundo previsão de instituições financeiras, a inflação ainda está abaixo da meta que deve ser perseguida pelo BC. Para o mercado financeiro, o IPCA vai fechar este ano em 3,88%. Para 2019, a estimativa é 4,10%.
Ao definir a taxa Selic, o BC está mirando na meta de inflação, que é de 4,5% neste ano, com limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2019, a meta é 4,25% com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.
Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. Entretanto, as taxas de juros do crédito não caem na mesma proporção da Selic. Segundo o BC, isso ocorre porque a Selic é apenas uma parte do custo do crédito.
Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ultrapassar a meta de inflação.
A manutenção da Selic, como prevê o mercado financeiro, indica que o Copom considera as alterações anteriores suficientes para chegar à meta de inflação, objetivo que deve ser perseguido pelo BC.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Agência Brasil