O corpo bebê que teria tido a cabeça arrancada durante parto realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, deverá ser enterrado só após passar pelos exames de necropsia do Instituto Médico-Legal da Polícia Civil de Minas Gerais. O tempo mínimo para a liberação do corpo é de 30 dias. A criança morreu na madrugada do dia 1º, mas o caso veio à tona na última semana, após a família procurar a polícia para fazer a denúncia.
A família alega que a médica responsável pelo caso arrancou a cabeça do corpo do recém-nascido enquanto ele ainda estava na barriga da mãe. De acordo com a denúncia registrada na Polícia Civil, depois de a gestante ser internada, pela segunda vez, com pressão alta, a equipe médica do Hospital das Clínicas decidiu fazer a indução do parto. Mesmo assim, a responsável pelo procedimento estava encontrando dificuldades. Em nota, o hospital disse que a médica fez todos os esforços para garantir a vida da gestante e que os fatos estão sendo apurados internamente.
Em entrevista ao Estado de Minas, a advogada da família afirmou que em um certo momento a médica chamou o pai e a avó da criança para participarem do parto, uma vez que a cabeça do neném teria “apontado”. Ao chegar à sala, o pai teria visto a criança abrir os olhos e mexer a boca, mas ao se aproximar percebeu que a cabeça havia sido decepada.
Ainda segundo a denúncia, depois que o pai percebeu que a cabeça do filho havia sido “arrancada” a médica lhe pediu desculpas. Em seguida, uma assistente social do hospital o procurou informando que a instituição iria arcar com os custos e procedimentos necessários para o sepultamento da criança. Além disso, ainda conforme a família, o hospital informou que a necropsia já havia sido realizada e que o corpo não seria encaminhado para o Instituto Médico-Legal da cidade.
Na semana antes do parto, a mãe da criança já havia sido internada com quadro de hipertensão e recebeu alta quatro dias antes do procedimento ter que ser induzido. Na sexta-feira, ela teve que ser internada novamente por estar com retenção de líquido e pressão alta. Ainda segundo a advogada da família, com essa informação a gestante afirmou que queria passar pela cirurgia cesariana, pedido que não foi atendido.
O procedimento teria começado na madrugada de segunda-feira, após bastante espera, visto que a mãe entrou em trabalho de parto às 18h e a criança nasceria por volta das 3h do dia seguinte. “O parto demorou muito para começar. De meia em meia hora eles faziam o procedimento de escutar o coração da criança e a cada 10 minutos vinham residentes fazer exame de toque na mãe”.
A médica então teria dito que o bebê não iria sair naturalmente e perguntou se poderia cortar mais um pouco, sem anestesia. A mãe aceitou o procedimento, mas, mesmo com os dois novos cortes feitos, a criança ainda não saiu. A profissional ainda teria afirmado que subiria sobre a gestante e pediu que ela fizesse força. “Nessa de puxar a cabecinha da criança com as mãos para tentar tirar o corpinho, fazer a criança nascer efetivamente, aconteceu essa tragédia de separar a cabeça do corpo da criança”, contou Aline.
O QUE DIZ O HOSPITAL
A administração do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais afirmou que a equipe médica que atuou no parto realizou todos os esforços para “garantir a vida da gestante”. Por meio de nota, a unidade informou que um processo administrativo interno foi aberto para “apurar os fatos”. Em relação ao estado de saúde da mãe, o hospital informou que a gestação estava na 30ª semana e que a equipe de Medicina Fetal já havia constatado que o feto tinha malformações, incluindo do pulmão. “Durante a internação, a gestante evoluiu para agravamento do seu quadro clínico, com elevação da pressão arterial e edema generalizado. Devido à gravidade do quadro materno e à inviabilidade fetal, o corpo médico optou pela indução do parto”.
A reportagem questionou se o bebê estava vivo no momento do parto, por que a polícia não foi acionada após a constatação da decapitação do bebê e se a unidade já identificou como a cabeça da criança foi arrancada, mas a administração não respondeu a nenhuma das perguntas.