Os bombeiros localizaram, por volta das 6h30 desta terça-feira (8), o corpo carbonizado de uma criança nos escombros do prédio Wilton Paes de Almeida, ocupação de sem-teto de 26 andares que desabou na madrugada da última terça (1º), no centro de São Paulo, após um incêndio atingir todo o edifício.
“Encontramos um corpo de pequeno porte que tinha sinais de carbonização e pode ser de uma criança. Há indícios de que outras vítimas possam ser encontradas na mesma região”, disse Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros em São Paulo.
Entenda o que já se sabe sobre o desabamento de prédio em SP
Os bombeiros trabalharam durante toda a madrugada retirando manualmente os escombros em uma região em frente à edificação. Eles concentraram as buscas no local após encontrarem peças de roupas.
O primeiro corpo localizado pelos bombeiros foi de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, conhecido como “Tatuagem”, na sexta (4). Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), a vítima foi identificada por meio de impressões digitais.
Áudio obtido pela Folha mostra que Ricardo acionou o serviço de emergência da PM em busca de socorro no momento em que se viu encurralado pelo fogo.
Entre esta segunda (7) e terça, o número oficial de possíveis vítimas também foi atualizado pelo Corpo de Bombeiros. Foram incluídos na lista dois homens: Artur Hector de Paula, 45, e Francisco Lemos Dantas, 56. A atualização se deu após parentes relatarem o desaparecimento deles.
Já eram procurados a faxineira Eva Barbosa, 42, e o marido dela, Valmir de Souza Santos, além de Selma Almeida da Silva, 40, e seus filhos gêmeos, Wendel e Wender, 10. A prefeitura também diz que ainda não localizou o paradeiro de 49 pessoas que habitavam a ocupação após a tragédia.
Os bombeiros dizem que as buscas chegaram a uma região sensível, onde podem estar os desaparecidos e possíveis sobreviventes. A remoção do entulho, de acordo com Palumbo, está sendo feita de forma cuidadosa. “Estamos no ponto crucial. Sabíamos que não haveria vítimas nos andares superiores, já que do 11º andar para cima ninguém morava. Acabamos de entrar nos andares abaixo disso, e vamos agir com cuidado para não causar danos”, afirmou.
CURTO-CIRCUITO
A polícia disse que, após ouvir uma testemunha, concluiu que um curto-circuito no quinto andar, provocado por excesso de aparelhos ligados em uma tomada foi a causa do fogo no prédio. No local havia quatro pessoas: marido, mulher e duas filhas.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma pessoa prestou depoimento na sexta no 3º DP (Campos Elíseos). Um inquérito também foi instaurado no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) para apurar a cobrança de aluguel dos moradores de ocupações do centro de São Paulo.
O desabamento provocou ainda a interdição de cinco imóveis em seu entorno, sendo quatro prédios e uma igreja. Segundo a Defesa Civil, todos os bloqueios são totais e não há previsão de liberação. Não foi encontrado risco iminente de colapso em nenhum deles, mas eles seguem monitorados pelo órgão.
Um desses imóveis é o edifício Caracu, localizado na rua Antônio de Godói, que foi liberado para a entrada de moradores pela primeira vez nesta sexta-feira. As pessoas puderam retirar pertences pessoais, como documentos e medicamentos, mas não puderam permanecer no local.
Também estão interditados uma igreja, no número 34 da av. Rio Branco; um prédio, no largo do Paissandu, 132; e um edifício estreito da Antônio de Godói, que ficou com marcas das chamas em sua fachada. Essa última construção conta como duas interdições por ter duas numerações (8 e 26).
Fonte: Folha de S.Paulo