A vacinação dos trabalhadores da saúde contra a Covid-19 em Belo Horizonte gerou revolta entre os profissionais da medicina veterinária. Isso porque parte da categoria teve direito a receber o imunizante, enquanto a outra será contemplada em fases futuras da campanha.
A divisão não foi bem aceita pelos profissionais, e o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG) afirmou que agendou reunião com o secretário de saúde Jackson Machado, na próxima semana, para esclarecer a situação. O “racha” ocorreu após um ofício emitido pelo Ministério da Saúde.
Inicialmente, todos os veterinários receberiam as doses. No entanto, conforme explicou a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), em 12 de março a pasta federal editou o documento e exclui das prioridades quem atua “nos estabelecimentos de saúde animal”. Sendo assim, apenas os veterinários que trabalham em estabelecimentos de assistência, vigilância à saúde humana, saúde pública e regulação e gestão à saúde humana têm direito ao imunizante nesta fase da campanha.
“Ou seja, que trabalham em ambulatórios e unidades básicas de saúde, além dos que atuam em atividades de supervisão de campo das ações de prevenção e controle de doenças que podem atingir a população humana, como dengue e leishmaniose, por exemplo. Caso o profissional trabalhe em Clínicas Veterinárias, não poderá ser vacinado”, detalhou a SMSA.
O entendimento do CRMV, no entanto, é diferente. Presidente do conselho, Bruno Divino declarou que há mais de 20 anos os veterinários são considerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como profissionais da saúde. Além disso, segundo ele, clínicas, hospitais e consultórios veterinários são considerados estabelecimentos de saúde. “Tanto que no lockdown não fecharam, pois foram considerados essenciais”.
Parte dos veterinários fica sem vacina contra a Covid-19 e conselho marca reunião com Prefeitura de Belo Horizonte pic.twitter.com/OvfXr0kaGa
— O Tempo (@otempo) May 7, 2021
Bruno Divino também citou que, no início da pandemia, todos os veterinários foram treinados pelo Ministério da Saúde para atender pacientes com Covid. Na opinião do CRMV, a norma do Ministério da Saúde excluiria apenas os profissionais de pets shops e casas de rações, que não têm consultórios.
“As clínicas, hospitais veterinários e consultórios são estabelecimentos de saúde e, por isso, todos têm que ser vacinados”, avaliou. “Mas, na prática, não estão sendo vacinados. Os médicos veterinários que atuam na inspecção de alimentos”, exemplificou.
O CRMV fez um levantamento que apontou que 20% da categoria foi infectada pela Covid. “Comparando com a incidência da população em geral é muito maior, o que prova que estamos muito mais expostos. Vamos tentar reverter essa situação”, declarou o presidente do conselho.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que os veterinários estão entre os grupos prioritários para a vacinação, conforme o Plano de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), página 84.
“Sobre a priorização da vacinação, a pasta publicou uma Nota Técnica, disponível aqui. A recomendação do Ministério da Saúde é para estados e municípios sigam a ordem prevista no PNO, no entanto, gestores locais têm autonomia para seguir com a estratégia de vacinação local”, emitiu a pasta.