“É bem mais que um papel, é uma vida. A partir da mudança de nome, a gente corre atrás de estudo, emprego. A gente fica mais livre, se sente mais cidadã da cidade e do mundo”. O desabafo misturado com a alegria é da auxiliar administrativo Helen Gonçalves, de 37 anos. Ela foi uma das 68 pessoas inscritas no mutirão da Defensoria Pública em Belo Horizonte, nesta quarta-feira (26), para retificação do nome de registro.
A iniciativa foi realizada para que interessados pudessem juntar documentos para o ingressar com uma ação na Justiça para a alteração. “A pessoa que se inscreveu trouxe CPF, RG, comprovante de documentos e certidão do nascimento. Nesse mutirão estamos fazendo um relatório psicológico, que é o documento principal para a ação, e dando orientação jurídica explicando os próximos passos. A partir do momento da propositura da ação, o tempo para a retificação de nome gira em torno de dez meses”, explicou o defensor público Vladimir Rodrigues, que atua na Defensoria Pública Especializada em Direitos Humanos.
No segundo dia de inscrição, Helen ligou para defensoria. Segundo ela, a vontade de retificar o nome existe há muitos anos, mas, devido à dificuldade do processo para fazer alteração, deixou o tempo passar.
“Já passei por muitas situações vexaminosas por causa do meu nome de registro. Entre elas, uma vez fui me candidatar a um cargo de secretária, e, quando a atendente olhou para foto, para o meu nome e para mim, disse: ‘não combina’”, explicou a auxiliar administrativo.
Enquanto Helen sofreu preconceito procurando trabalho, Lucas Rafael dos Reis, de 27 anos, teve constrangimento em locais em que em que era preciso apresentar o documento de identificação para entrar. “A fisionomia, a voz não batem com o documento mais. A gente tem que ficar implorando para te tratarem do jeito que você tem que ser tratado mesmo. Com a retificação, não vou precisar ficar me reafirmando. Quem tem interesse, pode vir. É tudo muito tranquilo”, explicou o jovem.
Serviço
Quem perdeu o período de inscrição pode entrar em contato com a Defensoria Pública pelo telefone (31) 3526-0405 ou ir ao prédio do órgão, localizado na rua Guajajaras, 1.707, no Barro Preto, em BH.