Quatro centros de saúde de Belo Horizonte vão funcionar neste sábado (25/3), das 7h às 17h. O objetivo é ampliar o atendimento, preferencialmente, de crianças e adultos com sintomas de dengue, chikungunya ou doenças respiratórias. As unidades dos bairros Guarani, Rio Branco, Santa Terezinha e São Paulo estarão abertas durante o dia.
De acordo a Secretaria Municipal de Saúde, até esta sexta-feira (24/3), 584 casos de dengue já haviam sido confirmados na capital mineira. Além disso, ainda há 3.963 casos da doença notificados com exames de confirmação pendentes. Outros 2.509 foram descartados.
Os números representam um aumento de 21% dos casos confirmados em uma semana. Quando comparamos os dados com os do mesmo período do ano passado, o crescimento é de 331%.
Além da abertura dos quatro centros de saúde, as UPAs da capital mantêm o funcionamento normal no fim de semana, com atendimento 24 horas para o público em geral.
Chikungunya e Zika
Em 2023, 333 casos de Chikungunya foram confirmados em residentes de Belo Horizonte, sendo 61 casos autóctones, ou seja, pessoas contaminadas na capital; 87 casos importados e 185 casos de local com origem indefinida. Além disso, há 284 notificados pendentes de resultados.
Quatorze casos de zika foram notificados em BH em 2023, sendo que seis foram descartados, e oito seguem pendentes de resultado.
UTIs cheias
O avanço dos casos de arboviroses em BH fez com que a procura por leitos de terapia intensiva para crianças e recém-nascidos também aumentassem. Atualmente, existem 141 leitos de UTI neonatal e 101 de UTI pediátrica. A previsão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é que nas próximas semanas haja uma ampliação do número de vagas de internação.
A reportagem do Estado de Minas questionou a Secretaria Municipal de Saúde sobre quantos serão e quando os novos leitos estarão disponíveis, mas não obteve resposta. A pasta afirmou que aguarda pronunciamento oficial da secretária Cláudia Navarro. A data do anúncio também não foi informada.
Em relação à quantidade de leitos disponíveis, a administração municipal informou que as entradas e altas das alas de UTI são dinâmicas e, por isso, não podem passar números para a população. No entanto, a PBH confirmou que há necessidade de ampliação da oferta.
“Quando a solicitação [de internação] chega à Central de Internação, o quadro clínico do paciente é avaliado por um médico regulador, e, de acordo com a disponibilidade de vagas, o paciente é encaminhado para o hospital. A Central de Internação da Secretaria Municipal de Saúde (CINT) faz busca ativa em todos os hospitais que atendem à Rede SUS-BH para definir as transferências. Para a liberação da vaga, são utilizados critérios de prioridade que incluem gravidade e leito disponível. O tempo de espera varia de acordo com a especialidade do leito e a especificidade do caso”, informou a PBH.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, o aumento da procura por atendimento intensivo tem sido motivo para o crescimento de casos de pacientes com sintomas de doenças respiratórias e infecciosas e as provocadas por arboviroses.
O que são arboviroses?
Jordana Coelho dos Reis, professora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que as arboviroses são um grupo de vírus diferentes, mas que são transmitidos por artrópodes ou mosquitos, como a aengue, malária, zika e chikungunya.
A especialista explica que as arboviroses causam doenças associadas ao sangue. No caso da dengue, a infecção diminui a produção de plaquetas dos indivíduos, causando edemas no corpo.
“O que a gente acredita que está acontecendo é que, antes da pandemia da COVID-19, tivemos um melhor controle da proliferação dos vetores das arboviroses. Nunca foi o ideal, mas a gente tinha um controle marginal pelas campanhas que sempre aconteciam. Durante a pandemia, essas campanhas sumiram, e, por isso, não existe mais o estímulo para que a população faça o controle dos focos”, diz.
Em relação ao possível motivo pelo aumento da procura de internações intensivas de crianças, a professora afirma que os pequenos possuem diferentes respostas imunes, o que pode explicar os casos graves. Mas, além disso, a população adulta já passou por alguns ciclos endêmicos da dengue, por exemplo, e por isso há a possibilidade de ter acontecido uma imunização desse grupo, criando espaço para que o vírus use a população pediátrica para crescer.
“Não temos como saber antes se a criança possui, ou não, predisposição para casos mais graves das doenças. Por isso, a prevenção é importante. O controle do saneamento básico é importante para que as pessoas evitem novos focos de proliferação dos vetores das arboviroses”, explica.
Como se proteger contra arboviroses:
- Retirar os pratinhos dos vasos de plantas;
- Acondicionar o lixo em saco plástico e mantê-lo em lixeira tampada até o dia e horário de recolhimento pelo Serviço de Limpeza Urbana;
- Manter a caixa d’água vedada, sem deixar frestas, mesmo que muito pequenas;
- Realizar a limpeza das calhas e remover folhas e outros materiais que possam impedir o escoamento da água;
- Entregar os pneus ao Serviço de Limpeza Urbana ou mantê-los em local coberto;
- Tratar a piscina com cloro e limpar uma vez por semana;
- Manter o quintal sempre limpo e livre de qualquer material que possa acumular o mínimo de água e se tornar foco do Aedes aegypti;
- Usar repelentes que possuam como composto a icaridina, componente que repele o mosquito vetor de maneira mais eficaz;
- Manter berços e camas de crianças cobertos por telas.
Casos confirmados de dengue por regional de Belo Horizonte:
- Barreiro: 52
- Centro Sul: 63
- Leste: 91
- Nordeste: 67
- Noroeste: 62
- Norte: 44
- Oeste: 72
- Pampulha: 64
- Venda Nova: 51
- Ignorado: 18