Postcast sobre Deodoro da Fonseca
Atualizado para correção da data de nascimento do Marechal Deodoro da Fonseca — 05 de agosto de 1827 e não 1927, como havíamos publicado antes.
O MARECHAL DEODORO DA FONSECA
Manuel Deodoro da Fonseca – o “Marechal Deodoro” – como era conhecido, foi o primeiro presidente brasileiro da história. Foi eleito presidente do Brasil em 1891, aos 64 anos, após um conturbado período de mudanças no país. Foi o proclamador da República em 15 de novembro de 1889 e foi o presidente interino até fevereiro de 1891.
Nascido em 05 de agosto de 1827, Deodoro da Fonseca vinha de uma família essencialmente militar. Seu pai, Manuel Mendes da Fonseca, ingressou no Exército em 1806, tinha duas irmãs e sete irmãos. Todos os homens eram militares. Casou-se aos 33 anos com Mariana Cecília de Sousa Meireles e não teve filhos.
CARREIRA MILITAR
Em 1852, foi promovido a primeiro tenente. Em 24 de dezembro de 1856, recebeu a patente de capitão. Em dezembro de 1864, participou do cerco a Montevidéu, durante a intervenção militar brasileira contra o governo de Atanásio Aguirre no Uruguai. Pouco depois, o Uruguai, sob novo governo, juntamente com o Brasil e a Argentina, formariam a Tríplice Aliança, contra a ofensiva do ditador paraguaio Francisco Solano López.
A Tríplice Aliança consumia inúmeros recursos do país
Em junho de 1865, foi com o Exército brasileiro para o Paraguai, que havia invadido a província de Mato Grosso. Deodoro comandava o segundo Batalhão de Voluntários da Pátria. Seu desempenho no combate lhe garantiu menção especial na ordem do dia 25 de agosto de 1865. No ano seguinte, recebeu comenda no grau de cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro e, em 22 de agosto, a patente de major. Destacou-se por atos de bravura na Guerra do Paraguai. Em 18 de janeiro de 1868 foi promovido a tenente-coronel e, em 11 de dezembro do mesmo ano, recebeu a patente de coronel. Pelo decreto de 14 de outubro de 1874, Deodoro foi promovido a brigadeiro, patente equivalente ao atual general-de-brigada. Em 1885, tornou-se, pela segunda vez, comandante de armas da província do Rio Grande do Sul, cargo exercido juntamente com o de vice-presidente da província. Tornar-se-ia, depois, presidente interino dessa mesma província. Em 30 de agosto de 1887 recebeu a patente de marechal-de-campo.
Em 1888, Deodoro foi nomeado para o comando militar do Mato Grosso. Permaneceu no posto somente até meados de 1889, quando voltou para o Rio de Janeiro.
O INÍCIO DO PRIMEIRO GOLPE MILITAR NO BRASIL
No Rio de Janeiro, os republicanos insistiam que Deodoro da Fonseca chefiasse o movimento revolucionário que substituiria a monarquia pela república. Deodoro, homem de convicções monarquistas, que declarava ser amigo do imperador Dom Pedro II e lhe dever favores. A falsa notícia de que sua prisão havia sido decretada foi o argumento decisivo que convenceu Deodoro finalmente a levantar-se contra o governo imperial. Pela manhã do dia 15 de novembro de 1889, o marechal reuniu algumas tropas e as pôs em marcha para o Centro da cidade, dirigindo-se ao Campo da Aclamação, hoje chamado Praça da República.. Deodoro marchou com algumas centenas de soldados que se movimentavam pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, pretendia derrubar o então Chefe do Gabinete Imperial, o Visconde de Ouro Preto.
Visconde de Ouro Preto pediu demissão ao imperador Pedro II
Enquanto isso, dom Pedro II, tendo descido para o Rio de Janeiro, em vista da situação, reuniu o Conselho de Estado no Paço Imperial e, depois de ouvi-lo, decidiu aceitar a demissão pedida pelo visconde de Ouro Preto e organizar novo Ministério.
Os republicanos precisavam agir rápido, para aproveitar os acontecimentos e convencer Deodoro a romper de vez os laços com a monarquia. Valeram-se de outra notícia, essa verdadeira, pois chegou-se a enviar telegrama oficial nesse sentido. Quintino Bocaiuva e o barão de Jaceguai mandaram um mensageiro a Deodoro, para informar-lhe que o novo primeiro-ministro, escolhido pelo imperador, seria Gaspar Silveira Martins, correligionário liberal do visconde deposto e político gaúcho com quem o marechal não se dava, por terem disputado o amor da mesma mulher na juventude. Assim, Deodoro foi convencido a derrubar o regime.
Pelas três horas da tarde, reunidos alguns republicanos e vereadores na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi lavrada uma ata, sob os auspícios de José do Patrocínio, o qual, líder abolicionista e homem de imprensa, fora um dos mentores da Guarda Negra e jurara defender a pessoa da subscritora da Lei Áurea e garantir-lhe o trono (num de seus atos típicos de súbita mudança de posição), declarando solenemente proclamada a República no Brasil, que foi levada ao marechal Deodoro.
À noite do dia 15, o imperador encarregou o conselheiro José Antônio Saraiva de presidir o novo ministério. O novo Presidente do Conselho de Ministros (do Partido Conservador – o mesmo de Deodoro) dirigiu-se por escrito ao marechal, comunicando-lhe a decisão do imperador, ao que respondeu Deodoro que já havia concordado em assinar os primeiros atos que estabeleciam o regime republicano e federativo.
Diante da recusa do imperador Dom Pedro II em reagir para sufocar o golpe, o Conde D’Eu, fez-se a República no Brasil, diante da surpresa generalizada do êxito da quartelada.
Governo provisório
Na noite de 15 de novembro de 1889, foi constituído o Governo Provisório da República recém-proclamada, tendo como chefe o marechal Deodoro, com poderes ditatoriais. O ministério foi composto de republicanos históricos, como Campos Sales, Benjamin Constant e Quintino Bocaiuva, e de liberais da Monarquia que aderiram de primeira hora ao novo regime, como Rui Barbosa e Floriano Peixoto. Todo o ministério era membro da maçonaria brasileira. Deodoro foi o 13º Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, eleito em 19 de dezembro de 1889 e empossado em 24 de março de 1890.
O primeiro ato do novo governo foi dirigir uma proclamação ao país, anunciando a mudança de regime e procurando justificá-la. Pelo Decreto nº 1 foi adotada, a título provisório, a república federativa como forma de governo da nação brasileira, até que resolvesse a respeito o Assembleia Nacional Constituinte que seria convocada. As províncias do extinto Império brasileiro foram transformadas em Estados federados.
De todas as províncias, chegaram, logo, manifestações de adesão ao novo regime, quase sempre da parte dos velhos partidos monárquicos. Destarte, a República foi estabelecida em todo o país praticamente sem lutas, salvo no Estado do Maranhão, em que antigos escravos tentaram esboçar uma reação, correndo às ruas da capital com a bandeira do Império e dando vivas à Princesa Isabel. Foram dispersos pelo alferes Antônio Belo, com o saldo de três mortos e alguns feridos. Os três negros, de que a História não guardou os nomes, foram os únicos mortos da Proclamação da República no Brasil.
DOM PEDRO II É INTIMADO A DEIXAR O PAÍS
Em 16 de novembro, Deodoro mandou uma mensagem ao imperador destronado, intimando-o a deixar o país juntamente com a família imperial brasileira, dentro de 24 horas, e oferecendo-lhe a quantia de 5 mil contos de réis para seu estabelecimento no exterior. Dom Pedro II de Bragança recusou a oferta, e partiu na madrugada de 17 de novembro para Portugal, pedindo somente um travesseiro com terras do Brasil, para repousar a cabeça quando morresse.
RECONHECIMENTO INTERNACIONAL
A primeira nação a reconhecer o novo governo foi a Argentina, em 20 de novembro de 1889. Indispostos com o império por suas intervenções militares na região platina, os argentinos promoveram, em Buenos Aires, homenagens especiais à Proclamação da República no Brasil.
Os Estados Unidos, nação que os republicanos brasileiros preconizavam como padrão a ser imitado pelo Brasil, retardaram o reconhecimento oficial da república brasileira até 29 de janeiro de 1890.
O governo da França quis aproveitar-se do ensejo para conseguir, do Brasil, o reconhecimento de seus supostos direitos sobre o norte do Amapá. Assim sendo, só reconheceu a república brasileira em 20 de junho de 1890.
O Império Alemão reconheceu o governo republicano brasileiro em 29 de novembro de 1890. A Grã-Bretanha aguardou que se promulgasse a nova Constituição, e só em 4 de maio de 1891 o representante diplomático do Brasil foi recebido pela rainha Vitória do Reino Unido.
Até o fim de 1891, a república brasileira estava reconhecida por todas as nações civilizadas. Só a Rússia é que não quis reconhecer o novo regime, senão depois do falecimento de dom Pedro II, por ato de 26 de maio de 1892.
O GOVERNO PROVISÓRIO
De 1889 a 1891, o país ficou sob regência de um governo provisório. Historiadores afirmam que o Governo Provisório republicano foi a primeira ditadura militar do Brasil.
A PRIMEIRA CRISE FINANCEIRA DO BRASIL
Em 17 de janeiro de 1890, Rui Barbosa, queria deslocar o eixo da economia brasileira da agricultura para a indústria. Barbosa deu início a uma reforma monetária e bancária, baseada nos melhores livros estrangeiros. A reforma consistia em autorizar os bancos a emitir papel-moeda sem lastro em ouro e prata. O sistema de bancos emissores e as facilidades concedidas para a organização de empresas provocaram inflação. Uma desastrosa especulação financeira surgiu, com a crise da bolsa e a ruína de numerosos investidores. A crise ficou conhecida como o “encilhamento”.
Em 17 de janeiro de 1891, houve a última reunião ministerial do Governo Provisório.
ELEIÇÃO DE 1891 – Medo de novo golpe militar fez com que Deodoro da Fonseca vencesse a eleição para presidente.
Deodoro da Fonseca apresentou-se como candidato a presidente, o candidato a vice foi o almirante Eduardo Wandenkolk. Presidente e vice seriam eleitos separadamente.
Como já havia forte oposição a Deodoro, a candidatura de Prudente de Morais foi articulada, tendo o marechal Floriano Peixoto como candidato a vice. Floriano, além de candidatar-se a vice-presidente, na chapa de Prudente de Morais, também se candidatou a presidente da República.
Apurada a votação, em 25 de fevereiro de 1891, foi obtido o seguinte resultado na eleição para presidente: Deodoro da Fonseca – eleito com 129 votos; Prudente de Morais – 97 votos; Floriano Peixoto – 3 votos; Joaquim Saldanha Marinho – 2 votos; José Higino Duarte Pereira – 1 voto; cédulas em branco – 2. Para vice-presidente foi eleito o candidato da oposição, Marechal Floriano Peixoto, com 153 votos, contra 57 recebidos pelo Almirante Wandenkolk.
A vitória de Deodoro explica-se pelo temor de que o velho marechal desse um novo golpe militar, fechando o Congresso e restaurando a monarquia. Mesmo os líderes da oposição haviam resolvido que, numa eventual vitória de Prudente de Morais, o Congresso lhe daria imediatamente posse do cargo, instalando-se sem demora o governo no próprio edifício do Parlamento, onde esperariam os acontecimentos, convocando para as imediações do prédio as forças militares com cuja lealdade podiam contar.
PRESIDENTE MAÇOM
Durante sua estadia na presidência, Deodoro foi nomeado Grão-Mestre do Grande Oriente da maçonaria do Brasil.
GOVERNO IMPOPULAR
Deodoro da Fonseca iniciou seu mandato sob forte tensão política. Tinha a oposição do Congresso e da população devido à crise econômica.
Tal ato gerou violenta reação, fazendo com que, entre agosto e novembro de 1891, o Congresso tentasse aprovar a “Lei de Responsabilidades”, que reduzia os poderes do presidente.
Deodoro contra-atacou a decisão do Congresso e, em 3 de novembro de 1891, decretou a dissolução do Congresso. Deodoro lançou um “Manifesto à Nação” para explicar as razões do seu ato. Enquanto isso, tropas militares cercaram os prédios do legislativo. Os militares prenderam líderes oposicionistas e a imprensa do Distrito Federal foi posta sob censura total. Ao país, foi decretando o estado de sítio. Este fato entrou para a história como o Golpe de Três de Novembro. Este foi o último feito de Deodoro em sua carreira política, pois, alguns dias depois, renunciaria ao mandato de presidente.
MORTE EM 1892
Manuel Deodoro da Fonseca faleceu no Rio de Janeiro, em agosto de 1892. Pediu para ser enterrado em trajes civis, no que não foi atendido. Seu enterro teve toda a pompa e honras militares. O marechal que proclamou a república no Brasil era acometido de fortes crises de “falta de ar”. Tal problema de saúde impedia o primeiro presidente do Brasil de dormir bem.
Foi enterrado num jazigo familiar no Cemitério do Caju. Teve seus restos exumados e transferidos para um monumento na Praça Paris, no Rio de Janeiro, em 1937.