A Comissão de Combate ao Câncer no Brasil (Cecâncer) discutiu nesta terça-feira, 30/11, a saúde do homem e os fatores que aumentam os casos de câncer e doenças cardiovasculares. A audiência pública faz parte da Campanha Novembro Azul realizada há dez anos no Brasil para combater o câncer de próstata, que é o segundo tipo que mata mais homens no país.
O deputado federal Weliton Prado, presidente da Cecâncer, cobrou o acesso universal aos exames de rastreamento para diagnóstico precoce e adequado da doença. Isso porque recomendação do Instituto Nacional do Câncer – INCA – é para que os exames sejam realizados apenas em pessoas com alto risco de desenvolver o câncer de próstata. “O rastreamento pode salvar vidas e essa recomendação é por questões financeiras. É preciso resolver a falta de recursos e não tirar da população o acesso ao tratamento digno. É possível criar um Fundo Nacional para combater o câncer com recursos dos impostos de bebidas e cigarros e de acordos judiciais. Essas propostas já estão em tramitação na Câmara dos Deputados e precisam ser aprovadas urgentemente”, defendeu o parlamentar.
O médico urologista Álvaro Sadek Sarkis confirmou que o diagnóstico precoce é a melhor forma de reduzir as mortes, mas que é preciso garantir acesso aos exames quando o homem ainda não tem os sintomas. Sarkis ressaltou ainda que o rastreamento salva vidas.
O médico Marcelo Sampaio destacou que o check-up é peça fundamental na manutenção da saúde do homem. “Mas ninguém consegue fazer pois o SUS não tem infraestrutura, os planos de saúde não cobrem, os exames são caros e os médicos não conversam com os pacientes sobre questões sociais, financeiras e profissionais que podem impactar na saúde do homem”, explicou.
A presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, que criou a campanha do Novembro Azul no Brasil, Marlene Oliveira, falou também sobre o câncer de pênis e cobrou informações sobre a utilização de R$ 20 milhões liberados na Portaria 3.069 de 2020. “Batalhamos muito pela criação das leis que garantem os direitos dos pacientes e pela aprovação do Estatuto da Pessoa com Câncer. Mas elas precisam ser cumpridas. Só de câncer de próstata são 16 mil mortes e 65 mil novos casos por ano. O câncer de pênis é pouco falado no Brasil e mutila mais de 1.600 homens ao ano e isso só acontece pela falta de informação, má higiene íntima e pouca amplitude da vacina do HPV. Não dá pra perder tantos homens por falta de informação, tratamento e de diagnóstico precoce”, disse.
“É preciso colocar em prática as políticas e é essencial garantir o acesso ao SUS. A política de saúde do homem está defasada, pois foi criada em 2009. E a tabela de procedimentos previstos no SUS também deve ser atualizada. Custos são altos e as secretarias precisam fazer mágica para oferecer o tratamento”, afirmou Eliana Dourado do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
O Ministério da Saúde afirmou que 196 mil homens morreram por doenças cardiovasculares e 135 mil por câncer no ano passado.