Quase quatro meses depois, um dos homens suspeitos de assaltar uma agência bancária na avenida Olinto Meireles, no Barreiro, foi preso em Belo Horizonte. O crime ocorreu no dia 19 de janeiro deste ano, quando dois homens renderam quatro funcionários e levaram R$ 70 mil. O homem detido em 10 de maio também teria envolvimento no furto de uma casa lotérica, no bairro Veneza, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, e de R$ 200 mil em joias, de apartamento localizado no bairro Castelo, na Região da Pampulha.
O fato veio à tona nesta quarta-feira (17/5) quando a Polícia Civil passou mais informações sobre o caso. Ele já tinha um mandado de prisão em aberto relacionado ao inquérito instaurado no Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri).
Assim como no assalto à agência bancária, em janeiro, no crime contra apartamentos da Região da Pampulha, o suspeito também teria agido com a parceria de outra pessoa. De acordo com a PCMG, no caso, dois indivíduos invadiram um condomínio e subtraíram diversos objetos de valor, dentre eles joias e relógios, avaliados em R$ 200 mil.
Assalto a agência bancária
A agência no Barreiro já havia sido alvo de uma tentativa de roubo quatro dias antes do crime ser concretizado. Segundo informações da Polícia Militar, os criminosos invadiram uma loja vizinha, que estava vazia e disponível para locação, e tentaram furar a parede para acessar o banco. No entanto, a ação acionou o alarme, e as pessoas fugiram.
Na época do crime, Luís Flávio Sapori, especialista em segurança pública, explicou que as agências do interior do estado podem ser mais visadas devido à sua vulnerabilidade. Mesmo assim, ele afirma que não há um diagnóstico que explique os números repassados pelo Governo de Minas.
O especialista avaliou que houve negligência por parte do banco por não ter incrementado sua segurança interna. “O banco é que tem que cuidar da proteção interna do patrimônio e do dinheiro ali guardado. Existem tecnologias hoje, muito sofisticadas, para evitar que indivíduos armados entrem nas agências”.
Conforme a Polícia Militar, a ação em janeiro não durou mais do que 10 minutos. “Eles já sabiam quem era o tesoureiro. Deixaram os outros três funcionários presos na cozinha nos fundos da agência. Aparentemente, eles já conheciam a planta da agência”, contou o cabo Félix.
Aos policiais, os funcionários relataram que os criminosos eram bastante agressivos e faziam ameaças. “A ação dessas quadrilhas é sempre muito agressiva, inclusive psicologicamente. Felizmente não houve nenhuma agressão física”, relata.
Imagens do circuito interno de segurança registraram o momento em que os suspeitos renderam os funcionários, logo na entrada da agência. Nas imagens, um homem armado, usando uniforme vermelho da Superintendência de Desenvolvimento de Belo Horizonte (Sudecap), aponta a arma para um homem e gesticula para que os demais deixem as mochilas e bolsas no chão.
Em seguida, um segundo homem aparece. Ele está usando boné e máscara facial, recolhe os pertences dos reféns no chão e os guia em uma porta das dependências internas da agência.
Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) esclareceu que o uso de uniformes pelos funcionários das prestadoras de serviços deve ocorrer, conforme previsto em contrato, somente nos serviços prestados com autorização da PBH e, quando finalizados, devem ser recolhidos para não ocorrer situações de uso indevido.
“A PBH fará um reforço junto a suas prestadoras de serviço quanto a esse importuno e se coloca à disposição das autoridades para prestar qualquer esclarecimento."
Ação inibida
De acordo com o especialista em segurança pública, assalto a bancos era uma prática comum na década de noventa, mas, com o avanço da tecnologia e criação de equipamentos de segurança, a modalidade criminosa acabou sendo desencorajada. Outro fator que, na visão de Luís Flávio Sapori, ajudou que os crimes diminuíssem foi a presença de dinheiro físico dentro das agências.
Para ele, esses fatores ajudam que a investigação da Polícia Civil a respeito da ocorrência no Barreiro seja facilitada. “Como o número de associações criminosas envolvidas nessa modalidade diminuiu, a possibilidade do trabalho de inteligência policial aumenta muito para identificar os membros desse grupo”, concluiu.
Novo Cangaço
Em Minas Gerais, roubo a agências bancárias ficou vinculado a operações de grupos identificados como “Novo Cangaço”. Nas ocorrências em que as associações estiveram envolvidas, cenas de terror foram vivenciadas pelos moradores da cidade, que ficaram em estado de sítio, devido à escalada de violência.
Sapori explica que a “nova modalidade” possui um planejamento sofisticado, grande poder de fogo e investimento por parte dos criminosos em montar as equipes. Além disso, a quantia levada é “infinitamente superior" a de assaltos “comuns”.