presidente Dilma Rousseff esteve nesta terça-feira (2) em Fortaleza, no Ceará, para entregar máquinas retroescavadeiras e motoniveladoras a municípios cearenses. Em discurso durante o evento de entrega dos equipamentos, a presidente exaltou os investimentos feitos pelo governo federal contra a seca na região, considerada a mais severa dos últimos 50 anos.
“Hoje o volume de gasto só nessa questão de oferta de água no Nordeste chega a 32 bilhões, porque o Brasil mudou”, disse Dilma. “Ainda teremos muito o que correr para satisfazer as necessidades da nossa população, para satisfazer os anos e anos de falta de investimento que o Brasil teve de enfrentar.”
A presidente entregou 31 retroescavadeiras e 30 motoniveladoras, máquinas que auxiliam na construção de estradas vicinais, a 59 municípios cearenses. De acordo com assessoria do governo estadual, os equipamentos custaram R$ 15 milhões e deverão beneficiar 37 mil agricultores familiares.
Segundo a presidente, o Nordeste não é mais o “chamado primo pobre” do restante do país. “Hoje o povo nordestino tem autoconfiança e tem certeza de sua capacidade e seus rumos”, afirmou.
Acompanha de ministros e ao lado do governador cearense, Cid Gomes (PSB), Dilma enalteceu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é natural da cidade pernambucana de Garanhus, e disse, que graças às “novas lideranças” eleitas pelo povo nordestino, a região vem mostrando seu “potencial de desenvolvimento”.
“Graças a um nordestino que saiu de Garanhuns e virou presidente da República, se superando, – e também acredito que graças a novas lideranças que o povo nordestino escolheu para liderar seus destinos – o povo nordestino no Ceará e em todos os outros estados, de uma forma cada vez mais efetiva, mostrou o potencial de desenvolvimento dessa região”, afirmou.
Para Dilma, a seca não pode ser um “problema” para um país, mas sim um “desafio”. “Antes de ser um problema, o Nordeste, pelos seus próprio meios, tem demonstrado que é solução”, afirmou.
As medidas anunciadas, segundo ela, não são um “favor” do governo. Dilma disse que a vida dos nordestinos mudou e que o país será capaz de conviver e combater os efeitos da seca. “Temos a pretensão de transformar esse convívio numa vitoria, todos nós sabemos que isso é possível”, afirmou.
Mais cedo, durante reunião do conselho da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a presidente anunciou liberação de R$ 9 bilhões em medidas de combate aos efeitos da seca nos municípios do semiárido. Entre as ações, estão adquirir novos carros-pipas, construir cisternas, prorrogar o pagamento das dívidas rurais dos agricultores familiares e ampliar o programa Garantia-Safra.
Dilma assinou ainda um termo de compromisso entre a União e o governo do Ceará para a construção da barragem de Lontras, que, de acordo com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, prevê investimento de R$ 352 milhões, a serem liberados por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
Segundo informações do governo estadual, a barragem armazenará 343 milhões de metros cúbicos de água e deverá beneficiar cerca de 17 mil moradores da Região de Ibiapaba.
A barragem, disse a presidente, pretende “aumentar e ampliar, garantir a regularidade da oferta de água”. Dilma defendeu o investimento em obras estruturantes. “Conviver com a seca tem várias dimensões, uma dela é como iremos conviver e superar seus efeitos garantindo uma obra de grande duração, o que chamamos de obras estruturantes”, afirmou.
Escola
O terceiro compromisso da presidente em Fortaleza foi inaugurar a Escola Estadual de Educação Profissional Jaime de Oliveira e entregar de 14 ônibus escolares para a cidade. Em discurso, ela disse que educação de qualidade “tem que ser o maior compromisso do governo”.
O país precisa garantir, afirmou, “educação e oportunidade para todos os brasileiros na veia”. Alfabetização na idade certa e escola em tempo integral – ensino médio combinado com ensino profissionalizante – são “condições” para o país se tornar uma nação desenvolvida, segundo ela.
“Uma coisa que me orgulha muito hoje é que diminuiu a diferença social entre as pessoas. Antes, no Brasil, ninguém via uma família de menor renda viajando de avião. Hoje, as pessoas têm acesso ao avião. Hoje a mãe que colocou o filho dela no Prouni, ela quer que ele se forme e depois ele tenha oportunidade de estudar no exterior, nas melhores faculdades do mundo por meio do Ciências sem Fronteiras”, discursou.
Dilma disse ter ficado “feliz” de ter inaugurado a escola, que custou aos cofres do governo estadual R$ 7,6 milhões entre construção e aquisição de material, segundo informou assessoria. “Aqui tem uma das melhores práticas educacionais do país”, declarou a presidente.
A presidente voltou a defender que as receitas dos royalties e das participações especiais do petróleo sejam destinadas para a educação. “Sabemos que o petróleo não é uma fonte renovável então se nós temos essa riqueza, temos de transformar essa riqueza no que há de mais nobre que um pai e uma mãe podem querer, que é que seu filho tenha uma vida melhor do que a sua”, disse.