CAROL NOGUEIRA
Quem assistiu ao filme “Jobs”, estrelado por Ashton Kutcher, pode achar que não precisa mais ver outro filme sobre a vida do criador da Apple. Se você está entre essas pessoas, esqueça esse pensamento e corra assistir “Steve Jobs: Man in the Machine”.
Dirigido por Alex Gibney (“Um Táxi Para a Escuridão”, “Gonzo: Um Delírio Americano”), o filme mostra um Steve Jobs bem mais complexo. Chama atenção a imparcialidade de Gibney, que disseca a vida do empresário e suas qualidades e defeitos na mesma medida.
Assim, ao mesmo tempo em que o documentário mostra a incrível sagacidade e capacidade de inovação de Jobs, que podem ser interpretadas como genialidade, também mostra que ele abandonou a primeira namorada, com quem teve uma filha, Lisa, e por muito tempo não quis pagar pensão, apesar de já ser milionário.
Outra história detalhada é a de que ele roubou o colega, Steve Wozniack, quando os dois trabalharam juntos em um projeto para a Atari – a dupla foi paga US$5.000, mas Jobs mentiu para o amigo que era apenas US$700 e deu US$350 a ele.
Segundo Gibney, a ideia do filme era estudar os valores e a moral do homem por qual tantas pessoas choraram quando Jobs morreu, em 2011, aos 56 anos. “Aquilo me impressionou. Só tinha visto aquilo acontecer quando gente como Martin Luther King e John Lennon morreram, mas Jobs não era um pacificador, nem um artista. Era um empresário”, diz, no filme.
O resultado é um documentário bem equilibrado, com muita informação – a maior parte dela, inédita na tela – e que cria um retrato muito mais complexo do fundador da Apple, que faz o espectador questionar um pouco a paixão cega pelos produtos da marca.
“Ele não conseguia criar uma conexão de verdade com as pessoas, então criou esse outro tipo de conexão”, diz Chrisann Brennan, mãe de Lisa, no filme. “O que as pessoas têm com seus iPhones é uma conexão muito poderosa – e perigosa. Todos estão juntos, mas separados.”