UBERLÂNDIA, TRIÂNGULO MINEIRO – O Ministério Público (MP) prendeu nesta quarta-feira (19) três homens e uma mulher suspeitos de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em Uberlândia. De acordo com o MP, são proprietários e um ex-funcionário da garagem de veículos Paddock, localizada no Bairro Brasil. Segundo a denúncia o grupo auxiliava criminosos envolvidos com roubos de carga a transformarem o dinheiro conseguido de forma ilícita em veículos.
A reportagem do portal G1 entrou em contato com advogado que representa a Paddock e os proprietários e aguarda nota sobre o caso. Foram presos, o dono da garagem, a mãe, cujo nome era usado na revenda de veículos, o cunhado do proprietário e o ex-gerente. Eles vão responder por 20 crimes de lavagem de dinheiro e também cinco crimes por falsidade ideológica, por adulterarem contratos sociais de empresas laranjas. O grupo foi levado para o presídio Jacy de Assis.
Segundo os promotores responsáveis pela ação, o esquema foi descoberto após desdobramentos da Operação “Serendipe”, que apura envolvimento de policiais civis em roubo de cargas. Após um dos carros usados para pagamento de propina de policiais civis ter sido encontrado no local, os promotores realizaram busca e apreensão na garagem no último dia 5 de outubro e apreenderam documentos que comprovaram o esquema de lavagem de dinheiro.
De acordo com o MP, os criminosos que lavavam dinheiro na garagem é um casal que foi denunciado na Operação “Catira” e está foragido. Os promotores contaram que o esquema funcionava assim: eles compravam veículos na Paddock com dinheiro procedente de crime.
O dono da revendedora e a mãe dele, operavam as contas por meio de algumas empresas laranjas sendo três papelarias da cidade e uma falsa empresa de licitação, além do ex-gerente da garagem de veículos. O dono da revendedora, a irmã e o cunhado dele eram os operadores do esquema de lavagem de dinheiro.
Ainda segundo foi informado, é possível que os donos da garagem tenham movimentado, pelo menos, R$ 10 milhões nos últimos cinco anos. Uma das evidências dos promotores é que o patrimônio dos envolvidos é aquém da realidade de faturamento do local.
Operação ‘Serendipe’
Quatro etapas da Operação ‘Serendipe’ já foram desencadeadas pelo Ministério Público de Minas Gerais e vários policiais civis foram presos, entre eles um delegado. As investigações se iniciaram há cinco meses com uma força-tarefa de quatro promotorias da cidade.
De acordo com promotores, os policiais faziam uma investigação paralela à da Polícia Federal (PF) e mapeavam duas organizações criminosas que atuavam no roubo de cargas na região. Em seguida, faziam o flagrante dos criminosos e subornavam para que pudessem ser liberados, forjando o boletim de ocorrência.
Entre os suspeitos investigados e presos em Belo Horizonte está um delegado que atuou em Uberlândia, e 12 investigadores. Além dos policiais, outras cinco pessoas também estão presas suspeitas de envolvimento no caso.
Segundo apurado pelo Ministério Público Estadual (MPE), os policiais pediam propina aos integrantes das quadrilhas investigadas durante as operações “Catira” e “Fideliza”, ambas da Polícia Federal. O promotor Daniel Marota explicou que as investigações nesta operação continuam e outros policiais podem ser presos.
“Dentro da Serendipe temos vários processos investigatórios. Alguns desses processos já foram finalizados e outros continuam. Dependendo da apuração pode ser, ou não, que outros policiais sejam presos. Até agora nenhum destes presos manifestou ao Ministério Público interesse de realizar delações premiadas”, explicou.