Moradores de Belo Horizonte amanheceram no domingo (25) lamentando as perdas e contabilizando os prejuízos provocados pela chuva que atingiu a capital no sábado (24). Dois barracões – localizados no lote onde um muro desabou e matou o aposentado Hélio de Oliveira Lopes, 73, durante um temporal no sábado, no bairro Coqueiros, na região Noroeste da capital – foram interditados pela Defesa Civil. Havia risco de a casa atingida pelo muro desabar sobre eles. Abalados, conhecidos da vítima falaram sobre os momentos que antecederam a tragédia.
O aposentado morreu soterrado pelos escombros da casa onde morava, que foi atingida pelo muro. Duas adolescentes, enteadas da vítima, ficaram feridas e foram socorridas ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. A jovem de 17 anos recebeu alta no domingo, e a de 15 anos permanecia internada, consciente e fora de perigo, conforme a família.
O cunhado da vítima, o servente de pedreiro desempregado Wellington Rodrigues David, 38, conta que só escapou porque tinha saído para ir à padaria. Ele mora em um dos dois barracões que ficam no mesmo lote da casa atingida. Quando voltou ao local, viu uma das sobrinhas já ferida. “O desabamento foi bem no início da chuva. Minha sobrinha já desceu a rua correndo, toda machucada, e a gente prestou os primeiros socorros. Muito pânico, total destruição”, relatou. Ao todo, 12 pessoas moram no terreno.
“As pessoas sangraram as mãos para salvar minha família. Infelizmente, não deu para salvar o meu cunhado. Comecei a gritar o nome de Hélio, sem parar, mas hora nenhuma ele respondeu. Achei o corpo debaixo de várias paredes”, lamentou. O corpo de Lopes será sepultado nesta segunda-feira (26) no Cemitério da Paz.
Prejuízos. No bairro Ipiranga, na região Nordeste da capital, comerciantes da avenida Bernardo Vasconcelos – que foi inundada no sábado por causa da chuva – passaram o domingo contabilizando os prejuízos. Dono de uma loja de acessórios automotivos no local, Luiz Carlos da Silva, 60, reuniu a família para retirar móveis estragados e outros objetos que foram danificados. “Colocamos uma placa de aço na porta, para conter a água de inundação. Do lado de fora, a água atingiu 1 m de altura; dentro da loja, chegou a 40 cm. Tudo que estava na parte baixa das prateleiras foi danificado”, disse o comerciante enquanto limpava a loja.
Dono de uma autoescola da Bernardo Monteiro, Márcio José de Carvalhos, 49, estima um prejuízo de R$ 15 mil. “Estragou muita coisa. Vamos tentar colocar pelo menos o sistema para funcionar nesta semana, pois não podemos ficar parados. Perdemos computadores, a impressora, as cadeiras estofadas. As divisórias e as portas são de compensado, e também vamos ter que trocar”, lamentou Luiz. A força da água foi tanta que rompeu a porta de ação da autoescola. “Outro prejuízo grande”, disse. (com Rafaela Mansur)