Capinópolis, Minas Gerais. A Secretaria de Saúde de Capinópolis comemorou mais um Novembro Azul, evento comemorado em todo o mundo, voltado para a prevenção ao câncer de próstata.
Na manhã de quinta-feira, mais de uma dezena de homens de Capinópolis levaram ao médico urologista, Dr. Thales Franco Andrade, seus exames para dar prosseguimento aos exames preventivos.
Nossa reportagem esteve lá no Hospital Municipal Faepu e conversou com o médico.
“Novembro Azul é uma campanha mundial voltada à prevenção do câncer de próstata, mas para chamar a atenção geral também da saúde do homem. O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele, o melanoma. O diagnóstico precoce dessa doença, a chance de cura é acima de 90 por cento, então essa campanha visa chamar a atenção dos homens para fazer o que a gente chama de check up, que é procurar o urologista para fazer uma consulta, para a gente avaliar se o paciente tem histórico familiar de câncer de próstata. O que é esse histórico familiar? Pai, avô, tio. Nesses casos, quando esses pacientes têm um histórico genético eles têm duas vezes mais chances de ter câncer de próstata do que quem não tem. Todos os homens, a partir de 50 anos de idade está indicado o check up, que é a revisão anual, em que a gente faz exame de sangue, complementa também exame de ultrassom e também fazemos o toque retal, que é um grande tabu para os homens, mas ele é de extrema importância, porque apenas com o toque retal a gente consegue diagnosticar 20% dos tumores de próstata, que tem PSA normal e ultrassom normal, então é uma coisa errada dos homens achar que apenas uma dosagem do PSA no sangue já resolve. Isso é mito. O câncer de próstata, a cada seis amigos de vocês, leitores, vão ter câncer de próstata em algum momento da vida. É uma doença silenciosa, não dá sintomas. Quando dá sintomas, de sangramento, dor, nesse caso os pacientes já estão com uma doença avançada, que já saiu da próstata, está pegando outros órgãos, e aí sim, nesses casos a doença se torna grave. Então prevenir é sempre o melhor remédio! A gente tem que buscar ajuda ao médico, procurar se informar, se cuidar, assim como as mulheres, que têm uma sobrevida muito maior do que os homens na sociedade, porque elas se previnem, se cuidam muito mais do que os homens. Eu acho importante até o Outubro Rosa vir antes do Novembro Azul, porque já conscientiza mais as mulheres e elas acabam estimulando os homens a procurar o médico, então, a maioria das consultas que chega aqui, às vezes o paciente vem por que? –Ah, porque a minha mulher mandou! O papel da mulher na sociedade é fundamental, pois ela acaba cuidando mais e se preocupando mais com o seu parceiro. Novembro é o mês de conscientização quanto à saúde do homem, mas lembrando que a gente deve se cuidar o ano inteiro, então quem ainda não fez, a prevenção, o check up, não é porque passou o mês de novembro que deve deixar para o ano que vem. Vamos correr atrás, pois saúde é o mais importante”.
Pergunta: Você falando com referência às mulheres, eu até achei interessante, eu estava na igreja, que estava lotada, pois foi antes da pandemia da covid. Foi no dia da vovó e o padre perguntou quantos avós e avôs tinham lá e a quantidade de mulheres era bem maior, porque normalmente a mulher vive mais do que o homem, justamente por causa dessa preocupação de se cuidar?
Dr. Thales: Exatamente. Isso é uma coisa já familiar, inclusive, quem tem filhas, a menina quando ela menstrua, quando ela vira mocinha, já é uma rotina da mãe levá-la ao ginecologista, diferente dos homens, às vezes tem muitos adolescentes homens que só vão procurar um auxílio, quando estão incapacitados de trabalhar, quando estão realmente enfermos, quando já não conseguem realizar as suas atividades diárias.
Pergunta: Ontem tivemos a boa notícia da vacina contra o coronavírus lá no Reino Unido já sendo aprovada, e possivelmente na próxima semana já começa a ser aplicada. Essa tecnologia RNA, inclusive, abre muitas portas, já foi bem debatido isso na mídia, inclusive para a dengue, porque é muito parecido. É um avanço muito grande para a saúde do mundo, não é?
Dr. Thales: Com certeza. Essas pesquisas de desenvolvimento da vacina vão abrir portas para várias outras doenças, inclusive a dengue e até mesmo a AIDs. Essa pandemia trouxe uma corrida pela vacina, buscando uma prevenção, para diminuir os riscos de infecção entre os pacientes, e acaba abrindo novas portas. Esperamos que realmente dê certo, que os estudos se concluam e que consigamos abrir portas para a vacina da dengue e também às vezes até para a cura da AIDs.
Pergunta: A vacina está chegando, mas a gente está chamando a atenção para a importância do isolamento social. Nós sabemos que todos já estão cansados dele, mas temos que continuar tomando os cuidados para que a vacina realmente se torne realidade?
Dr. Thales: Exatamente. A gente sabe que é uma coisa que está voltando, vai chegar uma nova onda, já chegou aos estados de São Paulo e Rio e é uma questão de tempo e semana para chegar aqui em Minas. A gente deve manter o uso de máscaras, usar a prevenção com álcool, se cuidar, porque a doença ainda existe, ainda está circulando, ainda está fazendo muitas vítimas no Brasil, e assim como na Europa e Estados Unidos, que já tiveram a segunda onda, no Brasil a gente nem acabou a primeira e já estamos entrando na segunda, não tivemos nenhuma pausa. Previna-se. Vamos nos preocupar em cuidar dos nossos pais, das pessoas mais velhas, pacientes de risco, que são as que têm maior risco de complicação.
Foto: Arquivo/ Valdair Bernardeli