SÃO PAULO – Teoria ouvida de importante representante do PIB nesta semana: é Eduardo Campos o verdadeiro plano B de Lula. Pelo raciocínio, a carta que o ex-presidente tem guardada na manga caso a candidatura de Dilma Rousseff cruze agosto e chegue a setembro perdendo impulso não é o “Volta, Lula”, mas o “Vai, Campos”.
Se isso acontecer, o ex-presidente passaria a apoiar informalmente o ex-governador de Pernambuco e liberaria a base governista para fazer o mesmo, na esperança de que ele chegue ao segundo turno contra Aécio Neves (PSDB). Viria daí o pacto de não-agressão que os dois, Campos e Lula, mantêm desde o começo na corrida.
De fato, chama a atenção o esforço do candidato pessebista para preservar o petista em suas críticas de candidato de oposição. Na entrevista que deu ao programa “Roda Viva” em maio, Campos passou boa parte do último bloco se esquivando das perguntas dos jornalistas para conseguir sair sem fazer um reparo que fosse à conduta e ao governo do mentor.
À repórter Daniela Pinheiro, da revista “Piauí”, explicou a tática: “Essa tucanada fica querendo me botar para brigar com ele porque é bom para Aécio. É uma estupidez brigar com Lula. Parte do lulismo vai deixar Dilma e vai votar em mim. Não vou falar mal de Lula nunca. É uma questão de autodefesa”.
Já Lula tem sido econômico em menções, positivas ou negativas, ao seu ex-ministro de Ciência e Tecnologia (2004-2005). Em junho, sem citar seu nome, comparou-o a Collor, dizendo se preocupar “que venha um desconhecido, que se apresente muito bem, jovem”. Completou: “Nós vimos o que deu”.
Em 2010, no entanto, dias antes de deixar a Presidência da República, falou sobre Campos: “A gente não acha diamante em qualquer lugar. Não acha gente boa em qualquer lugar. Não acha companheiro em qualquer lugar”.
Sérgio Dávila – Repórter Folha de S. Paulo