“Minha mulher pediu para que uma das filhas rezasse o salmo 91, o salmo da salvação, momentos antes de morrer junto com as duas meninas”.
O relato emocionado foi de Cristiano Pedro da Silva, de 33 anos, enquanto se preparava para enterrar a companheira e as duas enteadas, de 15 e 18 anos, na manhã desta quarta-feira (16), em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte.
As três foram executadas por um policial civil, que se revoltou após ser condenado a mais de 31 anos de prisão pelos estupros das jovens. Ele conseguiu escapar da Casa de Custódia da Polícia Civil para cometer os assassinatos.
Os velórios de Luciana Carolina Petronilho, de 40 anos, e das filhas Nathália Diovana Petronilho e da caçula Victória Regina Petronilho foram realizados em uma igreja evagélica da cidade. Cantando vários louvores, familiares, amigos e colegas das vítimas se despediam.
A filha mais velha de Luciana, que estava na casa e não foi atingida, se debruçava no caixão da mãe, que foi colocado entre os caixões de Nathália e Victória.
Segundo Cristiano, anteontem, quando o triplo homicídio ocorreu, todos dormiam no momento em que o investigador José Paulo de Oliveira, de 40, invadiu a casa.
“Ele mandou que a minha enteada e eu saíssemos de lá. Depois foi atrás da Luciana e das meninas. A Luciana pediu que a Nathália olhasse o salmo, ela implorou para não morrer. Ele virou e disse: ‘vocês acabaram com a minha vida’, mas foi ele quem acabou com a nossa quando estuprou as meninas”, afirmou o taxista.
Ainda segundo ele, após a prisão de José Paulo, em julho do ano passado, a família não recebeu nenhuma ameaça. Na última semana, ao saber que o investigador havia sido condenado pelos crimes, a dona de casa comemorou.
“Ela disse: ‘Cristiano, Jesus está me dando o meu Dia das Mães. Eu sou mãe, eu fiz isso pelas minhas filhas’. Ela pagou com a vida pelas filhas dela”, lembrou.
As vítimas foram atingidas com um tiro na cabeça cada e morreram abraçadas. O policial também atirou contra a própria cabeça, chegou a ser socorrido, mas não resistiu. A Polícia Civil, agora, apura como o homem conseguiu fugir do local em que estava preso.
“Por ele ter feito o que fez, na fé que eu tenho no meu Jesus, para ele não tem salvação. E eu falo para a família dele: infelizmente, vocês perderam uma pessoa para o inimigo. E que sirva de lição para todas as famílias: maldito o homem que confia no homem”, finalizou.
Mãe e filhas foram sepultadas no fim da manhã desta quarta-feira (16).