O Twitter aceitou, nesta segunda-feira (25), a oferta de US$ 44 bilhões (R$ 214 bilhões) feita pelo bilionário Elon Musk para comprar a rede social. A decisão ocorre após o conselho de administração da empresa aprovar a oferta feita aos acionistas.
A aquisição —uma das maiores da história corporativa— pode tornar Musk um barão das redes sociais, com poder de controlar o que ele mesmo definiu como a “praça pública de fato do mundo”.
A transação, que foi aprovada por unanimidade pelo conselho, deve ser concluída em 2022 e está sujeita à aprovação dos acionistas do Twitter, de órgãos regulatórios, entre outras condições habituais a esse tipo de negociação.
As ações do Twitter disparavam 6%, ao valor de US$ 51,86 (R$ 253), após a divulgação do negócio. A alta colocava os papéis da empresa entre os mais valorizados da sessão, ajudando o índice de referência do mercado acionário americano, o S&P 500, a subir 0,32%, após ter passado a maior parte do dia em baixa.
Durante o extenso vaivém que marcou as negociações, o dono da Tesla demonstrou pouco interesse econômico na compra. Para ele, a aquisição era uma forma de reverter as políticas de moderação do Twitter —das quais é um crítico contumaz.
O bilionário, que se descreve como um absolutista da liberdade de expressão, argumentou que tornar a rede social uma empresa privada seria uma forma de garantir a livre circulação de ideias.
“Ter uma plataforma pública que seja extremamente confiável e amplamente inclusiva é extremamente importante para o futuro da civilização”, disse em entrevista no TED, no último dia 15.
De acordo com os termos do acordo, os acionistas do Twitter receberão US$ 54,20 (R$ 264,5) em dinheiro por cada ação ordinária do Twitter que possuírem no fechamento da transação.
O preço de compra representa um prêmio de 38% em relação ao preço de fechamento das ações em 1º de abril de 2022, que foi o último dia de negociação antes de Musk divulgar sua participação de aproximadamente 9%.
OS 10 MAIORES NEGÓCIOS NO SETOR DE TECNOLOGIA
- US$ 75 bilhões
Compra da Activision Blizzard pela Microsoft (Jan.2022) - US$ 67 bilhões
Compra da EMC pela Dell (Out.2015) - US$ 44 bilhões
Compra do Twitter por Elon Musk (Abr.2022) - US$ 37 bilhões
Compra da SDL pela JDS Uniphase (Jul.2000) - US$ 34 bilhões
Compra da Red Hat pela IBM (Out.2018) - US$ 27,7 bilhões
Compra da Slack Technologies pela Salesforce (Dez.2020) - US$ 26 bilhões
Compra do LinkedIn pela Microsoft (Jun.2016) - US$ 22 bilhões
Compra do WhatsApp pela Meta (ex-Facebook) (Out.2014) - US$ 15,3 bilhões
Compra da Mobileye pela Intel (Mar.2017) - US$ 1,65 bilhão
Compra do YouTube pelo Google (Out.2006)
Os detalhes específicos sobre a compra ainda não foram anunciados, mas, conforme divulgado na semana passada, Musk conseguiu montar um pacote de financiamento.
Segundo documento apresentado à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), o bilionário alinhou US$ 25,5 bilhões por meio de empréstimos com um grupo de bancos liderado pelo Morgan Stanley. O restante ele disse que forneceria pessoalmente, mas sem detalhar a origem.
Em comunicado, Bret Taylor, presidente do Twitter, disse que o conselho conduziu um processo cuidadoso e abrangente para avaliar a proposta de Musk. “A transação proposta proporcionará um prêmio substancial em dinheiro e acreditamos que é o melhor caminho a seguir para os acionistas do Twitter”, disse.
QUAL O INTERESSE DE ELON MUSK NO TWITTER?
Em declarações públicas, o dono da Tesla insistiu que não lucraria com a aquisição da plataforma. Conforme disse repetidas vezes, o objetivo é garantir que a rede acompanhe sua percepção sobre liberdade de expressão.
Musk defende que, em caso de dúvida, o ideal é favorecer a liberdade em vez da moderação. “Se houver uma área cinzenta, em minha opinião é melhor deixar que o tuíte exista”, disse em evento do TED.
Na ocasião, o bilionário também disse que o Twitter deveria evitar apagar mensagens, o que abriria as portas para discursos de ódio, opiniões extremistas, entre outros conteúdos hoje restritos.
Além disso, Musk é a favor de suspensões temporárias em vez de exclusões definitivas, o que poderia abrir o caminho para o retorno de personalidades banidas da rede, como o ex-presidente americano Donald Trump.