Elon Musk, conhecido por sua posição como um “absolutista da liberdade de expressão”, recentemente chamou a atenção por sua postura em relação às ordens de remoção de conteúdo dos governos da Índia e da Turquia, contrastando com sua postura anteriormente expressa em relação à censura.
No caso da Índia, o X (ex-Twitter) removeu links para o documentário da BBC “Índia: A Questão Modi” após uma determinação do governo do primeiro-ministro Narendra Modi.
O documentário aborda o papel controverso de Modi em um massacre que ocorreu em Gujarat, em 2002, onde quase mil muçulmanos perderam suas vidas. Apesar de Musk ter se autodeclarado defensor da liberdade de expressão, o X prontamente cumpriu a ordem do governo indiano, destacando as estritas leis locais sobre o que pode ser compartilhado nas redes sociais.
Quando questionado sobre as remoções de conteúdo na Índia, Musk justificou sua postura, afirmando que não poderia violar as leis do país, destacando uma abordagem diferente da adotada no Brasil em relação às ordens do Supremo Tribunal Federal. Essa posição levanta questionamentos sobre a consistência de sua defesa da liberdade de expressão em diferentes contextos.
Na Turquia, onde o governo liderado por Recep Tayyip Erdogan exerce um controle cada vez mais rígido sobre a mídia e as redes sociais, o X também restringiu o alcance de centenas de tuítes por ordem do governo, às vésperas da eleição presidencial de 2023. Musk, mais uma vez, não contestou essas ações, sugerindo que limitar o acesso a alguns tuítes era preferível a uma restrição total da plataforma.
Esses eventos destacam uma aparente contradição na postura de Musk em relação à liberdade de expressão e à censura. Enquanto ele se posiciona publicamente como um defensor ferrenho da liberdade na internet, suas ações em conformidade com as ordens de governos autoritários levantam questões sobre a coerência de seus princípios em diferentes cenários geopolíticos.
A controvérsia em torno da postura de Musk em relação à censura ganhou destaque recentemente no Brasil, quando o empresário foi incluído como investigado em um inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.
Suas declarações polêmicas em relação ao Supremo Tribunal Federal e suas ações em outras jurisdições alimentam o debate sobre o papel das grandes plataformas de mídia social na defesa da liberdade de expressão e no enfrentamento da censura governamental.