Depois de uma sequência de acontecimentos envolvendo o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, com direito a fuga de detentos, vídeo reclamando de falta de água e até um ônibus queimado, novas imagens supostamente feitas dentro da unidade prisional trazem até mesmo ameaças contra um juiz de Execuções Penais da cidade.
Neste novo vídeo que vem circulando nas redes sociais, dois presos aparecem tapando a cara com uniformes vermelhos com a inscrição Suapi, da antiga Superintendência de Administração Prisional. Primeiramente eles afirmam que a unidade prisional está lotada, com muitas pessoas vindo de fora, e apontam que, no local, não há “assistência médica, jurídica, psicóloga e social”.
“Estamos há dois dias sem água, e eles vem vindo a oprimir nossos familiares, nossas crianças, nossas família vem cedo visitar no sistema e fica ali cinco, seis horas no sol. Isso nós não permitimos … alimentação vindo com bicho, com varejeira, ‘arroz andante’ (sic)”, reclamam os presos.
Até então os presos falavam em um tom mais amigável, mas, de repente, iniciam um discurso um pouco mais violento, afirmando que, se não for para acreditar, que eles “colocariam” para acreditar, que não é para deixar o “pior acontecer”.
” Aí seu Cavalieri (diz o preso fazendo menção ao juiz de execuções penais de Contagem, Wagner Cavalieri), essa é pro senhor! Você está virando as costas, os preso jogado nesse covil aqui ó. Você tem que dar uma atenção pra nós, tudo pai de família buscando … como que você quer a ressocialização do preso rapaz, você tá tirando onda com a nossa cara? Que que você quer? Que a sociedade paga? Responde pra nós, você não tem nem palavra, você não está sendo homem não. Você não está sendo justo, o seu papel você não está fazendo, que é a justiça, seu injusto do #$%& (sic)”, diz um dos presos.
Em seguida outro preso faz novas ameaças. “Nós vamos começar a botar o bagulho pra acontecer lá fora, meter fogo, zuar o bagulho (sic)”, diz. Assista ao vídeo completo:
Ameaça a agentes
Em seguida, os presos ainda falam que não adianta os agentes penitenciários “meter a toca na cara e vir oprimir”. “Nós vamos meter fogo em ônibus, atacar esses filhos da #$%&. Não gosto de relembra, porque passado não move moinho, mas vocês já teve exemplo, foi pego aqui na porta, para vocês ver que tem nego pra atitude (sic)”, disse, lembrando do atentado registrado na porta da Nelson Hungria no de outubro de 2017, quando dois agentes e um adolescente foram baleados no início da manhã.
Os detentos finalizam ainda dizendo que é para o juiz fazer o seu papel, que eles farão o deles, que seria “manter o sistema em ordem”. “Pra isso acontecer, vocês tem que dar atenção para nós, que tá mó zuado. Aqui tá fedendo, dá essa atenção, se não vai acontecer (sic)”, finaliza a mensagem.
SEAP investiga vídeo
Procurada pela reportagem de O TEMPO, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP) informou que irá apurar a procedência do vídeo. “Todas as denúncias formalizadas são devidamente apuradas e tomadas as providências necessárias, observando as normas e preceitos legais pertinentes, a exemplo do amplo direito de defesa e do contraditório”, diz o texto.
Questionada sobre as revistas nas celas e nos detentos, diante dos diversos vídeos envolvendo a Nelson Hungria a circular neste ano, a pasta informou que as revistas nas unidades do estado “fazem parte da rotina da gestão prisional. “Elas são normatizadas pelo Regulamento e Normas de Procedimento de Minas Gerais, o REMP – MG”, finaliza a nota.