Empresário do agro manda empregadas colocarem ‘celular no sutiã’ para comprovarem voto em Bolsonaro

Imagem serviria para mulheres comprovarem, posteriormente, que votaram conforme imposição.

Central de Jornalismo
Adelar Eloi Lutz confirmou ser dele a voz em um áudio

Adelar Eloi Lutz confirmou ser dele a voz em um áudio. O homem manda funcionárias colocarem ‘celular no sutiã’ para comprovarem voto em Bolsonaro (Reprodução/Redes Sociais)

Na última quarta-feira (19), um áudio de um empresário do setor do agronegócio que confessa ter orientado funcionárias, no oeste da Bahia, a colocar “o celular no sutiã” para filmar o voto na urna eletrônica e comprovar, posteriormente, que votaram conforme sua imposição.

Ouça o áudio:

https://www.tudoemdia.com/wp-content/uploads/2022/10/patrao-que-mandou-equipe-filmar-voto-em-Bolsonaro-na-Bahia_-_Brincadeira.mp3

Na tarde desta quarta-feira, o suspeito disse que o áudio se tratava de uma “brincadeira”. Por telefone, ele afirmou à reportagem que não iria se posicionar sobre o caso. No entanto, publicou um vídeo em uma rede social onde falava sobre o ocorrido. “Mandei para várias pessoas, mas não sei como foi parar em outros lugares. Jamais ia fazer isso [demitir alguém]”, garantiu.

O caso de suposto assédio eleitoral é apurado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). O órgão instaurou inquérito na segunda-feira (17) e deu dois dias para manifestação da defesa do ruralista.

Em um trecho, o empresário afirma: “Tinham cinco [funcionários que não concordavam], dois voltaram atrás. Das outras 10 que estavam ajudando na rua, todos tiveram que provar, filmaram nas eleições. Se vira, entrem com o celular no sutiã, que seja, vai filmar, se não, rua”.

O suspeito ainda revela que duas mulheres, que não aceitaram a imposição, o procuraram para dizer que vão filmar os votos no segundo turno.

“Filmaram e provaram que votaram. Duas não queriam e estão para fora, hoje já estão falando ‘eu vou votar no Bolsonaro agora’. Então vota, primeiro prova, que nós contratamos de novo”, afirmou.

O que diz o MPT

O MPT informou que a circulação de áudios em redes sociais nos quais ele confessa uma série de atos ilegais envolvendo a coerção de trabalhadores a votar em determinado candidato à Presidência foi identificada pelo órgão.

Afirmou também que expediu recomendação para que o empresário imediatamente se abstenha de manter ou reiterar as práticas ilegais.

A procuradora Carolina Ribeiro, que atua no caso, também encaminhou ofício ao Ministério Público Eleitoral com o relato dos fatos para que possa também adotar as medidas cabíveis.

Apesar de ter que ser concedido o prazo, o MPT informou que já prepara modelo de termo de ajuste de conduta a ser apresentado ao autor das declarações ilegais para que seja negociado logo na primeira audiência.

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