Na última quarta-feira (19), um áudio de um empresário do setor do agronegócio que confessa ter orientado funcionárias, no oeste da Bahia, a colocar “o celular no sutiã” para filmar o voto na urna eletrônica e comprovar, posteriormente, que votaram conforme sua imposição.
Ouça o áudio:
Na tarde desta quarta-feira, o suspeito disse que o áudio se tratava de uma “brincadeira”. Por telefone, ele afirmou à reportagem que não iria se posicionar sobre o caso. No entanto, publicou um vídeo em uma rede social onde falava sobre o ocorrido. “Mandei para várias pessoas, mas não sei como foi parar em outros lugares. Jamais ia fazer isso [demitir alguém]”, garantiu.
O caso de suposto assédio eleitoral é apurado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). O órgão instaurou inquérito na segunda-feira (17) e deu dois dias para manifestação da defesa do ruralista.
Em um trecho, o empresário afirma: “Tinham cinco [funcionários que não concordavam], dois voltaram atrás. Das outras 10 que estavam ajudando na rua, todos tiveram que provar, filmaram nas eleições. Se vira, entrem com o celular no sutiã, que seja, vai filmar, se não, rua”.
O suspeito ainda revela que duas mulheres, que não aceitaram a imposição, o procuraram para dizer que vão filmar os votos no segundo turno.
“Filmaram e provaram que votaram. Duas não queriam e estão para fora, hoje já estão falando ‘eu vou votar no Bolsonaro agora’. Então vota, primeiro prova, que nós contratamos de novo”, afirmou.
O que diz o MPT
O MPT informou que a circulação de áudios em redes sociais nos quais ele confessa uma série de atos ilegais envolvendo a coerção de trabalhadores a votar em determinado candidato à Presidência foi identificada pelo órgão.
Afirmou também que expediu recomendação para que o empresário imediatamente se abstenha de manter ou reiterar as práticas ilegais.
A procuradora Carolina Ribeiro, que atua no caso, também encaminhou ofício ao Ministério Público Eleitoral com o relato dos fatos para que possa também adotar as medidas cabíveis.
Apesar de ter que ser concedido o prazo, o MPT informou que já prepara modelo de termo de ajuste de conduta a ser apresentado ao autor das declarações ilegais para que seja negociado logo na primeira audiência.