UBERLÂNDIA, TRIÂNGULO MINEIRO – O saldo entre o número de empresas abertas e fechadas até a segunda quinzena de abril de 2016 é 80% menor que em igual período de 2015 em Uberlândia. Os números são da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg-MG) e ainda mostram que o fechamento de empresas no Município cresceu 78% nesse ano até agora. O setor comercial, principal afetado em 2015, afirmou que problema está ligado à mudança de comportamento do consumidor por causa da crise pela qual passa a economia do País.
Nos quatro primeiros meses do ano passado, a diferença entre abertura e fechamento de negócios no Município foi de 517 empresas que se mantiveram de portas abertas. Já em igual período de 2016, o saldo caiu para 103 empresas. Se levarmos em consideração apenas a extinção dos empreendimentos, o número cresceu de 334 entre janeiro e abril para 596 neste ano.
Ainda que a gerente executiva da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Lécia Queiróz, pondere que o fechamento de um negócio possa demorar anos e os atuais números mostrem extinções de empresas antigas, a situação é apontada como preocupante. Segundo ela, uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 86% dos consumidores ajustaram orçamento e passaram a gastar menos.
O que surge a partir daí é um ciclo no qual não há consumo, por medo ou falta de orçamento para gastos supérfluos, empresas que se fecham por não venderem, a consequente redução da oferta de emprego e o aumento dos preços por não haver concorrência. “Sem emprego, não há movimentação da economia”, disse Lécia Queiróz.
Pequenos empreendedores sofrem mais
Em cenários econômicos em que o fechamento de empresas cresce, a maior parte dessas extinções são de pequenos negócios. “Empresários maiores ou de empreendimentos mais sólidos conseguem aguentar mais tempo em um momento negativo, até por terem caixa ou planejamento de longo prazo”, afirmou a gerente executiva da CDL, Lécia Queiróz.
O analista do Sebrae em Uberlândia, Fabiano Alves, afirmou que micro e pequenos empresários, além de empreendedores individuais, entram no mercado com menor capital de giro, acompanhamento e até experiência, o que os leva a serem mais frágeis em um contexto de crise. “A primeira coisa que ele precisa fazer é baixar os custos e, ao mesmo tempo, buscar apoio”, afirmou. Esse apoio, segundo Alves, pode estar em uma avaliação e na elaboração de um planejamento financeiro, o qual vai lhe dar maior controle de ações.
Comerciante fechou loja após um ano
A empresária Raíssa Silva fechou sua loja de roupas femininas em fevereiro, um ano após a abertura. O que levou ao encerramento do negócio foi o faturamento ter sido abaixo do volume de despesas. A proprietária contou que chegou a mudar o ponto do estabelecimento do bairro Granada para o Centro de Uberlândia em busca de mais clientes. “As vendas até dobraram no ponto fixo, mas os consignados, por exemplo, vendiam mais que a loja”, afirmou. Raíssa Silva, ao perceber que não compensava manter a loja física, preferiu, então baixar as portas. Atualmente ela faz o comércio via internet.
por Vinícius Lemos