O enterro do bebê que morreu por ter tido a cabeça arrancada durante o parto no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pode demorar pelo menos 30 dias — prazo mínimo fixado pelo Instituto Médico-Legal (IML) para realizar todos os exames necessários no corpo. A informação foi divulgada pela advogada da mãe da criança, Aline Fernandes, à reportagem do Estado de Minas.
O caso chegou ao conhecimento das autoridades na quarta-feira passada (3/5), quando a irmã da vítima procurou a delegacia. Segundo ela, a mãe, de 34 anos, não pôde comparecer à unidade por estar muito abalada com a situação. O parto malsucedido foi feito, de acordo com a denúncia, na segunda-feira (1º/5).
Hoje (8/5), a tia da criança e o pai compareceram ao IML, quando foram informados do prazo para concluir as diligências periciais. “Com isso, não vamos ter o sepultamento da criança tão cedo, mas esses exames são necessários para a gente comprovar a veracidade dos fatos”, avaliou Aline.
Segundo consta no registro da ocorrência, a mãe levava uma gestação de 28 semanas e apresentou quadro de pressão alta, optando por ir até a unidade hospitalar. Chegando lá, segundo conta a irmã à polícia, a mulher acabou internada para realizar um parto induzido.
A advogada da família contou que houve muita dificuldade para a criança sair no momento do parto, mas que, em dado momento, a cabeça apontou, e a médica responsável chamou o pai para ver a filha. O homem afirmou ter visto o bebê piscar e mexer a boca.
A médica então teria dito que o bebê não iria sair naturalmente e perguntou se poderia cortar mais um pouco, sem anestesia. A mãe aceitou o procedimento, mas, mesmo com os dois novos cortes feitos, a criança ainda não saiu. “Nessa de puxar a cabecinha da criança com as mãos para tentar tirar o corpinho, fazer a criança nascer efetivamente, aconteceu essa tragédia de separar a cabeça do corpo da criança”, contou Aline.
A advogada ainda conta à reportagem que, após o ocorrido, a equipe costurou a cabeça da criança no corpo e entregou o bebê para mãe ver. “A avó da criança, que já estava muito nervosa, muito irritada com aquela situação, despiu a criança, tirou a toquinha e viu que ela estava com vários hematomas, várias marcas de dedos, estava muito roxa a cabeça; eles tentaram esconder isso com uma toquinha. E o pescoço estava costurado, realmente”.
O que dizem o hospital e a Polícia Civil
O Hospital das Clínicas da UFMG, em nota, “lamentou profundamente” o acontecido e afirmou estar trabalhando na apuração do caso. A unidade de saúde disse ainda que prestará apoio à família da criança. Veja, abaixo, a nota emitida:
“Em relação ao caso citado, o Hospital das Clínicas da UFMG, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), lamenta profundamente o fato e se solidariza com a família neste momento de luto. O HC e a EBSERH empenharão todos os esforços para apuração dos fatos e análise do caso e apoio à família”.
Já a Polícia Civil disse que instaurou um inquérito para apurar o caso. Leia na íntegra:
“Em relação ao ocorrido na segunda-feira (1/5) em uma unidade hospitalar, no bairro Santa Efigênia, na capital, a PCMG informa que a recém-nascida morreu durante o parto e esclarece que o corpo foi submetido a necropsia no próprio hospital. Um inquérito foi instaurado para apurar as causas e circunstâncias do ocorrido e diligências estão sendo realizadas com o intuito de elucidar o caso e para apurar se houve erro ou negligência médica. Tão logo seja possível, outras informações serão divulgadas”.