Um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas atualmente é a falta de mão de obra qualificada em alguns setores. Os atributos profissionais dos trabalhadores passam por um momento de questionamento, onde é preciso se perguntar até que ponto os métodos tradicionais de ensino fazem sentido. Não raro, as próprias empresas investem na capacitação das pessoas – pesquisas na área de tecnologia, por exemplo, mostram que mais de 90% dos negócios estão formando dentro de casa as capacitações que necessitam de seus profissionais.
No entanto, o problema não se restringe à formação ou contratação de um ou dois colaboradores qualificados, mas na formação de equipes – contratar craques é uma coisa, mas fazê-los jogar juntos, em consonância e com foco nos mesmos objetivos, é outra história.
Soma-se a estes dois diagnósticos comuns da maioria das lideranças o fato de que no mercado de trabalho impera a impaciência e ansiedade das pessoas em obter grandes resultados em um prazo curtíssimo – e a frustração quando isso não acontece. Principalmente quando falamos das novas gerações, que têm acesso a muito conteúdo, de forma rápida, e são bastante influenciados pelas redes sociais, onde tudo acontece, aparentemente de forma muito fácil e imediata. Não obstante, somos impactados por histórias de startups que recebem milhões de reais ou dólares de investidores em meses de funcionamento e somos levados a crer que aquilo aconteceu como um toque de mágica – o que raramente acontece.
Essa ilusão do imediatismo dificulta o processo de crescimento de um profissional, inclusive do gestor, que tem que lidar com a dificuldade de reter a equipe ao ponto de ela perceber que o sucesso é uma questão, principalmente, de tempo, dedicação, qualificação e disciplina – sem esses fatores fica difícil alcançar vôos mais altos.
É comum observar no ambiente corporativo o profissional recém formado que chega na empresa querendo impor o ritmo de trabalho que acredita ser o ideal. O profissional não aceita a cultura organizacional da empresa e questiona os valores, a história e modos de fazer que levaram o negócio ao sucesso. A falta de humildade o impede de crescer de forma respeitosa dentro da empresa e formar boas equipes – não respeita a cultura organizacional de uma empresa centenária e os trabalhadores que já estavam ali criam um bloqueio emocional para com aquela pessoa, que no fim do dia não consegue perceber o que fez de errado.
Pode parecer clichê, mas é preciso plantar para depois colher – impossível executar o contrário. Há o desejo de colher frutos maravilhosos, vistosos e suculentos, mas não há a paciência para plantar e cultivar a planta que gerará esses frutos, que é a empresa, as equipes que o gestor lidera.
Resultados acima da média não caem no colo de ninguém: você tem que batalhar acima da média. No mundo dos negócios, não basta ter apenas inspiração, existe uma dose muito maior de transpiração que não pode ser negligenciada. Há a ilusão de que se pode começar já no topo da montanha – até dá pra chegar lá de helicóptero, mas é pra poucos. A subida antecede a conquista e a comemoração. O caminho complexo e tortuoso precisa ser feito, geralmente não há outra alternativa.
Para ter uma equipe forte é necessário que todos tenham interesses em comum, incluindo os líderes. Estes últimos devem ter muito claro o destino, o caminho para onde estão levando a equipe, como vão chegar até esse ponto e comunicar sempre os colaboradores sobre suas ações, para que eles se sintam seguros em seguir esse líder e promover o melhor, juntos, para o sucesso da empresa.
E gestor, se você for convidado para entrar em uma equipe, observe muito bem o território e as pessoas, avance com calma, seja humilde, aprenda e ensine – muitas vezes você entende sobre muitas situações por ter vivido elas em outras empresas e pode repassar seu conhecimento na sua nova jornada, quebrando barreiras entre você e seus novos colegas. Depois de ganhar corpo dentro da organização, você tem mais liberdade para fazer suas críticas e sugestões.
A mensagem para ambos, tanto líderes como liderados, é: abra sua mente para o novo. Formar ou fazer parte de equipes vencedoras demanda bom senso de ambos os lados – esse é o grande segredo.
*por Roberto Vilela, consultor empresarial e mentor de negócios