Influenciada pelo pai, Fernanda Teodoro levou para sua escola, em Conselheiro Lafaiete, no interior de Minas, algumas galinhas-d'angola. Com muito espaço gramado, o pai a orientou que levasse as galinhas porque, segundo ele, elas não deixam nenhum bicho peçonhento ficar no local, elas comem. As “protetoras” da escola estão na instituição há sete anos. De acordo com a proprietária, elas não fogem, andam só em grupos e ficam juntinhas sempre.
A médica veterinária Jéssica Alves explica que o pai de Fernanda tinha razão: uma das características mais interessantes da espécie é a sua importante participação no controle biológico, auxiliando o equilíbrio ambiental através do consumo de insetos, formigas, carrapatos, escorpiões, pequenos roedores e até cobras.
Segundo a veterinária, as galinhas-d'angola são animais bastante rústicos, que apresentam uma facilidade de manejo e poucos cuidados obrigatórios. “Por serem animais onívoros, precisam de uma dieta rica em matéria animal como insetos, que elas mesmas coletam no ambiente vegetal, que podemos listar frutas, grãos e sementes. Água fresca e limpa à disposição sempre”.
De acordo com Alves, as galinhas carregam muitos traços de seus hábitos selvagens. “Elas tendem a esconder e até voar caso se sintam ameaçadas, então é importante que elas sejam abordadas de forma tranquila e sem agressividade”, afirma a veterinária.
A instituição de ensino, além de galinhas, conta com passarinhos, calopsitas e, de vez em quando, coelhos. Os animais desempenham outras funções também.
Érica Silva é mãe de Sofia, estudante do primeiro ano, e confirma o que a proprietária da escola mencionou.
“A gente mora em apartamento, ela não tem contato com a natureza, com animais, a gente nem tem pet. É bom que na escola ela tenha essa oportunidade. Eu percebo que ela tem o interesse até em tratar das galinhas. Me sinto feliz por ela”, avalia Érica.
Para a psicóloga Walkíria Felipe, além de ser uma experiência divertida e encantadora, essa interação tem um impacto positivo na saúde mental e emocional dos pequenos.
“As galinhas, por exemplo, são animais fascinantes e quando as crianças têm a oportunidade de conviver com elas, podem aprender lições valiosas sobre a natureza e o ciclo da vida. Observar os pintinhos nascendo, vê-los crescer e até mesmo cuidar deles ajuda a desenvolver a empatia, a responsabilidade e o respeito pelos seres vivos desde cedo. Essas habilidades são fundamentais para a formação de indivíduos conscientes e sensíveis ao meio ambiente”, explica a psicóloga.
Outro aspecto importante é o efeito terapêutico que a convivência com animais pode trazer. “A interação pode estimular a liberação de hormônios como a ocitocina, que promove a sensação de bem-estar e reduz o estresse. Essa experiência proporciona momentos de relaxamento, ajuda a diminuir a ansiedade e pode ser particularmente benéfica para crianças com dificuldades emocionais ou transtornos como o autismo,” explica Walkíria.