A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta (18) as 43ª e 44ª fases da Operação Lava Jato e cumpre mandados em São Paulo, no Rio e em Santos.
Um dos alvos de pedido de prisão temporária é o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza, que já foi detido.
No Rio de Janeiro o pedido de prisão é contra o empresário Henry Hoyer de Carvalho, apontado como operador do PP. O irmão dele também é um dos alvos. Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ele teria substituído Alberto Youssef na interlocução com a sigla em 2012.
Carvalho chegou a ser alvo de condução coercitiva da 13ª fase da operação, em 2015, e foi preso porque os policiais descobriram que ele tinha armas e munição de uso restrito sem autorização legal. Alguns dias depois, foi solto.
É a primeira vez na história da operação que a PF realiza duas fases ao mesmo tempo. No total, são 46 ordens judiciais em cumprimento —29 de busca e apreensão, 11 de condução coercitiva e seis de prisão temporária.
Os presos serão transferidos para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
As duas novas etapas da força-tarefas se baseiam nas apurações relacionadas ao depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, envolvendo denúncias de corrupção, desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro na estatal.
OPERAÇÕES
A 43ª fase se chama Operação Sem Fronteiras e investiga o pagamento de propina a executivos da petroleira por um grupo de armadores gregos, com troca de informações privilegiadas para o fretamento de navios.
As investigações apontam que Costa acertou com o cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis, um esquema para facilitar a contratação de navios daquele país.
Os acordos eram intermediados por Hoyer de Carvalho e, depois, por uma empresa de brokeragem, na Inglaterra, de Georgios Kotronakis, filho de Konstantinos.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), o grupo movimentou, de 2009 a 2013, contratos de mais de US$ 500 milhões —ao menos 2% desse valor (R$ 10 milhões) em propinas depositadas em offshores controladas pelos Kotronakis, por Carvalho e por Costa.
A 44ª fase, por sua vez, foi batizada de Abate e apura desvios na contratação de fornecimento de asfalto pela empresa estrangeira Sargeant Marine à estatal, mediante o pagamento de propinas a funcionários públicos e agentes políticos.
Os procuradores dizem ter provas do pagamento de propinas no exterior e de que Vaccarezza utilizou de sua influêcia no Congresso para orientar a contratação da Sargeant Marine pela Petrobras, de 2010 a 2013, por US$ 180 milhões.
Vaccarezza foi líder na Câmara dos governos do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma. O ex-deputado anunciou seu desligamento do PT em 2016.
Ainda no partido, ele tentou, em 2014, se reeleger para a Câmara dos Deputados, sem sucesso.
Na divisão de supostas propinas, de acordo com o MPF, há documentos que indicam transferências para a “casa” (funcionários da Petrobras) e para para o PT.
Os valores então devidos ao partido, totalizando propinas de pelo menos cerca de US$ 500 mil, foram destinados em grande parte a Vaccareza, sendo possível que a investigação venha a revelar outros destinatários das vantagens ilícitas. A Justiça Federal determinou a prisão temporária do ex-deputado.