A falta de materiais básicos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) tem comprometido os trabalhos no centro cirúrgico. Segundo a residente do Serviço de Cirurgia Geral, Jessyca Sousa Rezende, até mesmo as cirurgias de urgência estão paralisadas por causa da falta de recursos, como luvas e cateteres, e apenas pessoas com risco iminente de morte são atendidas.
A assessoria de comunicação do HC-UFU confirma a falta de material na unidade e a suspensão de cirurgias por falta de insumos. O hospital não soube informar uma data para que a situação seja amenizada. O Conselho Municipal de Saúde também afirmou ao G1 que a situação no hospital é de falta de recursos.
De acordo com Rezende, a direção do HC-UFU informou que apenas haveria reposição de estoque em 70 dias. “Não tem materiais para sutura de pacientes, falta luva, grampeador cirúrgico e, às vezes, nem touca temos para entrar no centro cirúrgico”, disse.
Desde abril, a categoria vem identificando os problemas na saúde e afirma que a situação se agravou nos últimos dias. Jessyca informou, também, que os residentes vêm discutindo o assunto com a direção e não descarta a possibilidade de paralisação das atividades. Na manhã desta quarta-feira (16) uma reunião foi realizada no campus Umuarama da UFU, com a diretoria do HC, para tratar o tema.
A Secretaria Municipal de Saúde disse que a suspensão de cirurgias no HC-UFU ainda não foi oficializada na Central de Regulação de Urgência e Emergência, e que, até o momento, os encaminhamentos estão sendo feitos normalmente.
O G1 conversou com o presidente do Conselho Municipal de Saúde, José Veridiano de Oliveira, que confirmou a situação do HC-UFU, mas também adiantou que o hospital ainda não formalizou para a rede o problema.
“Nós soubemos que pacientes de Uberlândia e de outras cidades compareceram no hospital para fazer cirurgias de urgência ontem, só que não foram atendidos por falta de materiais e que os procedimentos estariam suspensos. Estamos atrás disso para cobrar da rede uma solução”, disse o conselheiro.
Reunião discute problemas na saúde pública de Uberlândia
Uma reunião com representantes do Ministério Público Estadual e Federal, do Conselho Regional de Medicina (CRM) e sindicalistas, foi realizada na noite desta terça-feira (15) para discutir os problemas da saúde pública em Uberlândia.
De acordo com o delegado regional do CRM, Alexandre de Menezes Rodrigues, a questão é preocupante. “Há muito tempo tem sido insuficiente a reposição de insumos. Nós apresentamos ao Ministério Público as dificuldades que os médicos da rede vêm enfrentando”.
O médico e delegado do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), Uilter Goulart de Oliveira, disse que houve queda nos recursos recebidos pela Prefeitura e que as consequências disso não podem ser o desabastecimento das unidades de saúde.
Durante a reunião, ficou decidido que na unidade que não tiver a mínima condição para prestar o serviço à população, o médico deverá acionar a Polícia Militar (PM), registrar um boletim de ocorrência, para que, assim, a unidade tenha as portas fechadas até a regularização de insumos no local. O próximo passo será a realização de uma reunião junto ao Conselho Municipal de Saúde.
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que as negociações com o sindicato estão em andamento e, em relação às Unidades de Atendimento Integrado (UAIs), esclareceu que muitos dos materiais de escritório e equipamentos são antigos e que presta manutenção ou renova os itens de acordo com a capacidade e disponibilidade de recursos.
Disse, ainda, que está investindo em estruturas de urgência e emergência com a construção de três Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que diferentemente das UAIs vão contar com recursos do governo federal. Em relação ao material para atendimento, a Prefeitura de já tomou providências .