A família da bebê Gabriela Silva, que faz tratamento contra Leucemia Linfóide Aguda desde janeiro, teve as esperanças renovadas nesta sexta-feira (29) graças à prescrição médica para mudança na dosagem do medicamento que a garota precisa tomar. A alteração permitiu que, com as doações recebidas através de campanha nas redes sociais, Gabi e família comprassem um frasco do remédio – ainda não regulado no Brasil – pelo valor de R$ 19,6 mil. O custo inicial para o tratamento indicado é de R$ 28.900.
Nascida em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, Gabi tem o irmão Gustavo Silva, de dois anos, como doador de medula óssea 100% compatível, mas precisava do remédio para iniciar sessões de quimioterapia, que duram cinco dias. Após o período, a garota passará por exame de meliograma para checar a situação da medula e, possivelmente, receber o transplante.
A dona de casa Queila Borges é tia de Gabi e cuida da página na web responsável por arrecadar doeações. Segundo ela, a manhã desta sexta-feira foi marcada por piora no estado da sobrinha. Entretanto, a solidariedade acompanhada da mudança no medicamento representou um avanço em prol da vida de Gabi.
“De manhã, o médico falou que a leucemia estava avançando e que a Gabi precisava muito do remédio, que demoraria mais de 10 dias para chegar, por ser importado. Ela e meu irmão (pai de Gabi) foram à rede de farmácias, e eu depositei o dinheiro daqui de Ituiutaba. Assim que a moça da farmácia conferiu o depósito, ela passou o remédio que conseguiu, já que o remédio da Gabi ainda para chegar”, relatou.
A família ainda teve que enfrentar uma nova etapa antes da conseguir o transplante: a Gabi foi submetida a uma cirurgia para a retirada de um nódulo encontrado na cabeça. Agora, ela aguarda melhora na saúde e o resultado da biópsia.
O progresso no tratamento leva Queila a destacar que a colaboração dos mais de 10 mil seguidores da página “Todos por Gabi” foi de suma importância, já que a família não teria como arcar com todas as despesas. “Tudo que conseguimos foi por doação, nenhum centavo é nosso. Somos muito gratos. Quando eu lancei a campanha do remédio, já tinha R$ 1.100 na conta, para ajudar a família, que já estava em São Paulo. Muita gente estava tentando ajudar no começo, doando até roupas e pedindo número da conta para fazer depósito. Aí eu tive a ideia de ter uma conta para contribuir, principalmente, no medicamento”.
Descoberta da doença
O pai da garota é funcionário de uma usina em Ituiutaba. Geliel Batista Gomes recorda que o diagnóstico da doença ocorreu um dia após consulta pediátrica para avaliação médica de um machucado no nariz e uma mancha na barriga. Dali em diante, a família se juntou para buscar a cura da criança, que segue internada no Instituto do Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), em São Paulo.
“Apareceu um inchaço no nariz da Gabi com 28 dias de vida, no dia 21 de janeiro de 2015. Minha esposa ficou preocupada e comentou comigo. Marcamos a consulta em Ituiutaba e o médico percebeu que tinha uma mancha roxa na barriga dela. Minha esposa pediu para fazerem os exames da plaqueta e, no outro dia, às 17h, ficamos sabendo do resultado. No mesmo dia minha esposa já viajou com ela para Uberlândia para começar o tratamento no Hospital de Clínica da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU)”, recordou.
A família ficou em Uberlândia até 25 de março. Neste período, Ana Paula da Silva conheceu outra mãe de uma garota diagnosticada com leucemia e, com a ajuda da mulher, conseguiu consulta no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Foi então que o pai da menina dirigiu 726 km de Ituiutaba a São Paulo na esperança de ver a cura da filha. “O médico se sensibilizou e nem cobrou a consulta de R$ 1 mil. Em seguida ele encaminhou a gente para o Itaci rapidinho. Sou grato a ele”, disse.
Compatibilidade e novos problemas
A esperança aumentou quando a família descobriu que o filho Gustavo é um doador 100% compatível para a irmã. Porém, a descoberta de um nódulo na cabeça da menina adiou a caminhada rumo à cura.
“Minha filha foi fazer o exame para o transplante que seria feito no dia 25 de maio, mas encontraram um nódulo na cabeça e tiveram que fazer cirurgia. Entretanto, ainda não temos o resultado da biópsia deste segundo problema. E por
Novo endereço e solidariedade
Queila contou ainda que a ajuda das pessoas têm sido fundamental. O pai, a avó materna e o irmão de Gabi tiveram a sorte de, um mês após a chegada em SP, conseguirem um local para se hospedarem.
“Quando o meu irmão foi com o filho deles para a doação da medula, eles ficaram na casa de apoio. Pouco tempo depois, uma mulher que mora em Ituiutaba e tem apartamento em São Paulo passou a chave para eles terem um local para ficar. O apartamento fica a 5 km do hospital, dá uns cinco minutos de carro”, comentou.
O pai Geliel revela que a rotina da família ganhou novo ritmo. Enquanto ele faz o transporte dos familiares na metrópole, a esposa acompanha a filha.
“Cheguei dia 5 de maio em São Paulo com o meu filho para tentar o transplante. Minha sogra veio comigo e faz almoço, daí eu busco minha esposa e levo minha sogra para ficar com minha filha. Depois minha esposa volta para o hospital e dorme lá”, detalhou.
“Todos por Gabi”
A tia de Gabi é quem toma conta da vida que os pais da menina deixaram em Ituiutaba. Em meio à nova rotina, ela ainda acha tempo para manter os mais de dez mil seguidores da página “Todos por Gabi” com informações sobre o estado de saúde da sobrinha.
“Estou vivendo a vida deles aqui em Ituiutaba. Já são quatro meses de luta . Minha filha fez a página, mas não pode ficar com celular no serviço, então eu que tomo conta. Não consigo responder a todos. Posto o que está acontecendo para que todo mundo acompanhe”, contou Queila.
Fé
A cada avanço no tratamento da filha, o pai se emociona. “Eu tenho muita fé e falo pra minha esposa ser assim também. Os médicos ficam abismados porque a Gabi está sempre sorrindo, é alegre, nem parece que está doente. Ela já é muito guerreira e eu tenho fé de que vencerá essa batalha. Na minha cabeça só passa que vou poder levá-la com saúde para nossa casa”, concluiu.
Com informações do G1