A família suspeita de abandonar duas crianças em um apartamento no bairro Lagoinha, na região Noroeste de Belo Horizonte, já foi perseguida por preconceito religioso. O caso aconteceu em 2017, em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de BH.
A Casa Espírita Império dos Orixás de Nossa Senhora da Conceição e São Jorge Guerreiro ficava no mesmo terreno onde a família morava até fevereiro deste ano. Na ocasião, um policial militar aposentado teria, junto com outras pessoas, entrado no local e destruído diversas imagens de santos e orixás.
De acordo com uma declaração feita pelas vítimas à Defensoria Pública de Minas Gerais, quando invadiu a propriedade, além de quebrar as imagens sacras, móveis e estruturas do terreiro de umbanda, o policial da reserva sempre afirmava que não conversava “com maconheiros”.
Em um dos relatos, duas pessoas da família, que presenciaram os ataques, afirmam que o suspeito teria jogado gasolina em um deles e os ameaçado, dizendo que eles deveriam sair do local ou então voltaria e atearia fogo no local.
Abandono de incapaz
A família de São Joaquim de Bicas voltou às manchetes neste ano, após dois meninos serem encontrados abandonados em um apartamento no Bairro Lagoinha, na região Noroeste de BH. Eles são filhos de uma mulher que morava no mesmo lote. A Polícia Civil considera duas mulheres, de 60 e 29 anos, as principais suspeitas de terem mantido os menores em situação precária.
Elas são suspeita de abandono, tortura e maus tratos.
Além do crime na capital, a família também foi colocada no centro de outra denúncia, feita por Kátia Cristina Alves Robes, mãe das crianças. Ela está presa no Presídio de Vespasiano, desde o início de fevereiro, suspeita de ter matado o próprio filho, de 4 anos, mas relatou a seus advogados que foi aliciada e mantida em cativeiro há pelo menos um ano e meio. Kátia contou que chegou à capital mineira grávida e junto do marido e dos quatro filhos.
No dia 2 de março, a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros estiveram no sítio em São Joaquim de Bicas. No local, eles encontraram um lote com construções atípicas e irregulares. Em alguns cômodos, não havia portas, mas sim entradas pelo telhado.
Em entrevista ao Estado de Minas, o advogado da família de São Joaquim de Bicas relatou que os cômodos apontados pela polícia como o local onde as crianças eram mantidas presas são, na verdade, “casinhas de santo”. O espaço seria reservado para colocar imagens de santos e orixás.