Com informações do G1
A família do estudante de Medicina de 36 anos encontrado morto no Paraguai recebeu as cinzas dele em Uberaba neste final de semana. O sepultamento foi realizado no sábado (5) no cemitério São João Batista.
O estudante Paulo Rezende Vilela Neto, natural de Uberaba, foi encontrado carbonizado dentro de um carro em Mariano Roque Alonso, distrito próximo a Assunção, capital do Paraguai, no dia 14 de novembro. Ele tinha os estudos custeados pelo governo brasileiro por meio de bolsa.
A polícia do país vizinho ainda não tem pistas sobre o crime e as investigações continuam. O caso é acompanhado pelo Consulado-Geral do Brasil em Assunção.
O crime
Segundo jornais paraguaios, o crime ocorreu na madrugada do dia 14 de novembro, às margens do Rio Paraguai, na região de Ponte Remanso. Testemunhas chamaram a polícia depois que viram um carro em chamas e ouviram gritos de socorro vindos do veículo.
Após o fogo ser controlado, uma pessoa, até então sem identificação, foi encontrada morta dentro do porta-malas com as mãos amarradas por fios. Uma faca foi achada no veículo. O corpo foi encaminhado ao necrotério judicial do Paraguai.
Amigos deram falta de Paulo no dia seguinte, dia 15 de novembro, e resolveram registrar o desaparecimento. A família só recebeu a notícia do caso e conseguiu identificar o corpo no dia 17 daquele mês.
Relatos da família
“Com certeza ele está em um lugar melhor”. A afirmação é de Cícero Rezende, pai de Paulo Neto. De acordo com a família, Paulo, que já era formado em Administração, decidiu morar e estudar no Paraguai para seguir o sonho de ser médico. Ele estava no 11º período de Medicina e faltavam apenas seis meses para se formar.
Para se sustentar, Paulo trabalhava como motorista de aplicativo e também tinha um site, pelo qual ele convidava outros brasileiros que não tinham condições de fazer Medicina no Brasil para estudar no Paraguai. Ao fazer esse intermédio, ele ganhava comissão da faculdade e, a cada pessoa que aceitava o convite, ele ganhava um mês de mensalidade.
Na última vez que Cícero conversou com o filho, o assunto foi a data em que eles iriam se ver novamente.
“Ele me contou que havia passado a noite trabalhando. Como ele está no último ano de Medicina, ele já atendia e fazia plantões. Ele também havia me contado que estava praticamente certa a vinda dele no dia 19 de dezembro para passar o Natal conosco, como é de costume. Ele estava tudo dentro da normalidade do que sempre foi”, contou Cícero.
Porém, no dia seguinte ao telefonema, a família recebeu a notícia do desaparecimento do estudante. Segundo Cícero, a polícia do Paraguai investiga o crime e já interrogou testemunhas, entre médicos que trabalhavam com ele, colegas de faculdade, amigos e familiares.
“Todos foram unânimes em dizer que ele era uma rapaz extremamente correto. Nada faz crer que a morte dele tenha sido por alguma confusão, vingança ou envolvimento com coisas ilícitas. Estamos pensando em latrocínio, mas corre o risco de as autoridades paraguaias alegarem outra coisa, porque não é bom para um país perder alunos. Se divulgarem que foi roubo seguido de morte, muitos pais de quase 20 mil alunos que estão lá vão querer trazer os filhos de volta”, afirmou.
A família decidiu que o corpo do estudante será cremado no Paraguai e, as cinzas, levadas para Uberaba para uma última homenagem.
“Com certeza ele está em um lugar melhor. Ouvi uma frase de uma ex-namorada dele que me deu muita força: o Paulo é tão bom de espírito, com um coração tão maravilhoso, que possivelmente uma hora dessas ele já perdoou os algozes, de tão nobre que é o espírito dele”, disse.
Leandro Júnior, que também mora e estuda no Paraguai, lamentou a morte do amigo.
“Nós, estudantes brasileiros, pedimos a Deus que abençoe o coração da família dele, que está passando por um momento difícil, e que o Paulo esteja em um lugar melhor, abençoando todos nós. O que ficam são as memórias e lembranças boas do nosso grande amigo Paulo Neto”, comentou.
O que diz o Itamaraty
“O Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Assunção, presta toda a assistência legal e materialmente possível aos brasileiros naquele país, respeitando os tratados internacionais vigentes e a legislação local, conforme estabelecido pela Convenção de Viena sobre Relações Consulares, o Regimento Interno da Secretaria de Estado das Relações Exteriores e o Manual de Serviço Consular e Jurídico do Itamaraty.
Em caso de óbito de cidadão brasileiro no exterior, como parte do serviço de assistência a nacionais, as embaixadas e os consulados brasileiros prestam aos familiares orientações gerais, facilitam a expedição de documentos (atestado de óbito, por exemplo) e auxiliam em contatos com autoridades locais. Em casos de morte em circunstâncias suspeitas, a assistência consular também inclui o acompanhamento das investigações junto às autoridades locais.
Informações adicionais sobre a assistência consular no exterior podem ser obtidas em: .
Nos termos do artigo 31 da Lei 12.527/2011 e do artigo 55 do Decreto 7.724/2012, informações pessoais que se referem à intimidade, vida privada, honra e imagem são protegidas por sigilo e não podem ser divulgadas sem “previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem”, ou, “caso o titular das informações pessoais esteja morto ou ausente”, não podem ser divulgadas sem o consentimento do cônjuge ou companheiro, dos descendentes ou ascendentes”.