As pessoas felizes são mais criativas, ricas e saudáveis do que as consideradas infelizes, mas a felicidade obtidas por eventos, como o casamento ou receber um aumento de salário, tem prazo de validade, e ele é curto: no máximo de dois anos, afirmou em Buenos Aires nesta sexta-feira (12) a psicóloga social Sonja Lyubomirsky.
Segundo ela, os seres humanos têm grande capacidade de “adaptação hedonista”, que consiste em se acostumar a tudo de positivo que nos acontece.
“A felicidade provocada por estes eventos costuma se expandir por algum tempo, a ciência calcula um máximo de dois anos. Depois, a felicidade diminui e é preciso buscar outro estímulo que volte a dispará-la”, afirmou a especialista durante o Simpósio Vida Ativa e Saudável da Série Científica Latino-Americana.
Essa adaptação permite explicar também, segundo ela, os resultados de um estudo que revelou que as pessoas que expressam agradecimento apenas uma vez por semana são mais felizes do que as que agradecem frequentemente.
“Quando você agradece muitas vezes por semana parece que se torna um hábito e então você já não se sente tão feliz”, disse a especialista durante a conferência.
Sonja, autora dos livros “A Ciência da Felicidade” e “Os Mitos da Felicidade” perguntou ao auditório: “Quantos de nós não queríamos ser mais felizes? Ser feliz é algo como um desejo universal”.
A especialista, que é professora de Psicologia na Universidade da Califórnia, defendeu que a felicidade tem grandes benefícios para a saúde, entre eles a melhoria do sistema imunológico e uma maior resistência para o estresse e o trauma.
“As pessoas mais felizes têm menos riscos de ter ataques cardiovasculares ou infartos, além de ter menos possibilidades de morrer de distintas causas que vão desde a orgânica até acidentes de carro”, acrescentou.
As vantagens de ser uma pessoa feliz se estendem também ao ambiente de trabalho e ao afetivo, opinou Sonja ao afirmar que aqueles que possuem essa característica têm melhores trabalhos e salários, são mais produtivos e criativos e têm mais amigos, apoio social e mais possibilidades de se casar e ter boas uniões.
De acordo suas pesquisas, que lhe renderam um Prêmio Templeton de Psicologia Positiva e uma bolsa de estudos do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, “as pessoas que se autodenominam felizes são também as mais ativas”.
“Uma vida ativa é um remédio infalível para manter o organismo em estado de funcionamento estável e fortalecido”, continuou.
Realizar atividade física e fazê-las com motivação e não por obrigação, melhora nossa felicidade, mas esta tem também uma forte base genética, advertiu Sonja
“Nascemos com predisposição para à felicidade. Alguém pode ter, por exemplo, vários filhos e notar que alguns são mais naturalmente felizes do que outros”, apontou.
“A genética determina a felicidade em 50%. No entanto, além dos 10% que devem as circunstâncias externas ou o contexto, 40% de nossa felicidade é determinada por atividades exteriores, ações que levamos adiante externamente para nos sentirmos mais felizes”, detalhou.
Conhecidas estas porcentagens, a especialista sugeriu que as pessoas fixem objetivos e se concentrem nesses 40% que estão em nossas mãos para conseguir a tão desejada felicidade e os múltiplos benefícios a ela associados.