A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) lançou nesta semana um estudo sobre os impactos econômicos da construção do gasoduto que abastecerá a unidade de fertilizantes da fosfatados da Petrobras em Uberaba (MG) e ligará o município de Queluzito, região metropolitana de Belo Horizonte, ao Triângulo Mineiro. De acordo com o presidente da Fiemg Regional Centro-Oeste, Afonso Gonzaga, além de abastecer a fábrica de fertilizantes, o gás poderá ser utilizado por pelo menos 114 grandes empresas instaladas na região.
“O gasoduto pode ser considerado o projeto mais importante de Minas Gerais dos últimos 30 anos. A passagem do gás beneficiará 31 cidades que abrigam cerca de 3,6 mil micro, pequenas, médias e grandes companhias que sejam da área de fertilizantes, calcário e metalurgia. A qualificação industrial da região melhorará muito”, afirmou o diretor em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Segundo ele, a região por onde o gasoduto passará representa 26% do Produto Interno Bruto (PIB) mineiro e 39% da arrecadação de ICMS do Estado. “Além de permitir uma redução de custo industrial em um momento de crise no setor de energia elétrica, pode ajudar a colocar a região na vitrine de novos investidores”, completou.
Chamado de Projeto NovoGásOeste, o estudo da Fiemg tem o objetivo de apoiar e monitorar a implantação do gasoduto, que terá investimentos de R$ 1,8 bilhão, com 450 quilômetros de extensão. Também é uma forma de engrossar o movimento de pressão da sociedade, agora da indústria, para que o gasoduto tenha seus processos aprovados e que se iniciem as obras.
“O papel da Fiemg nesse sentido é de ser um indutor do desenvolvimento do projeto e estar à disposição para ajudar a viabilizar os projetos. Inspiramo-nos no que foi feito com a duplicação da Fernão Dias, que está em andamento. Podemos ser interlocutores com as diversas classes da sociedade”, disse. A entidade realizou uma série de encontros para discutir os benefícios da obra, reunindo diversos elos, como governo e indústria. No lançamento do estudo, na sede da Fiemg, compareceram 18 deputados que apoiam a construção do gasoduto, conforme informou Gonzaga.
A viabilidade financeira da obra ainda está sem definição. Havia uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 68) tramitando na Assembleia Legislativa de Minas Gerais que abria a possibilidade de venda das ações de empresas estatais não controladas diretamente pelo Estado, sem a necessidade de aprovação da assembleia e de referendo popular. Seria uma alternativa à Gasmig, responsável pela construção do gasoduto, em buscar recursos com investidores externos já que a empresa não contará mais com dinheiro da Petrobras pela estatal ter vendido sua participação na empresa mineira de gás.
No ano passado, a Cemig, controladora da Gasmig, iniciou conversas com a Gas Natural Fenosa, para a criação de uma joint venture com atuação no mercado de gás natural. As conversas não avançaram devido à polêmica de uma eventual privatização da Gasmig caso a PEC tivesse sido aprovada. A retirada da PEC da pauta da Assembleia foi uma manobra liderada por deputados estaduais petistas. O novo governador do Estado, Fernando Pimentel (PT), nas suas campanhas, se comprometeu em tocar o projeto com outra estrutura financeira e societária, sem vender o controle acionário da Gasmig para o capital privado.
Outra preocupação é o risco de a fábrica não estar pronta para receber o gasoduto ou mesmo se a Petrobras, que está em crise devido ao envolvimento em escândalos de corrupção, suspender os investimentos ou até vender o ativo.