Os trailers de “Bingo – O Rei das Manhãs” já mostravam que o filme, inspirado na história de Arlindo Barreto, o Bozo, seria tão doido quanto os anos 1980 na TV brasileira. Quem for ao cinema assistir ao longa, que estreia nesta quinta-feira (24), pode esperar muito mais que isso.
Estrelado por Vladimir Brichta , o filme conta a história de Augusto Mendes, um ator pornô que vai tentar a sorte como o palhaço Bingo , apresentador de um programa matinal em uma emissora de TV. Além do já esperado bom humor, o longa traz altas doses de drama e tragicidade, algo parecido com “Birdman” brasileiro.
Filho de uma atriz famosa no passado, mas esquecida pela mídia, Augusto topa interpretar o palhaço na TV para ir atrás da tão sonhada fama e para cumprir uma promessa que fez ao filho. A relação entre o personagem e Gabriel, interpretado por Cauã Martins, é uma das partes mais dramáticas da história: enquanto Bingo é amado por todas as crianças do País, seu próprio o odeia por ter perdido a conexão com o pai.
Do céu ao inferno
A trajetória de Augusto é sempre marcada por extremos. Enquanto seu programa lidera a audiência, ele vê sua vida pessoal indo por água abaixo, movida principalmente por seu vício em drogas, que ele não consegue mais disfarçar mesmo quando está no ar. Na TV, ele é uma pessoa completamente diferente do que é fora dela, e isso fica ainda mais claro pelo fato do ator não poder revelar que ele é o palhaço mais famoso do Brasil.
Quem for ao cinema achando que verá um filminho leve, pode se surpreender muito. O longa de Daniel Rezende traz temas polêmicos, não esconde a parte menos glamurosa da vida do Bozo e resume toda a loucura que era a TV brasileira nos anos 1980.
Além da magistral atuação de Vladimir Brichta, o filme também tem ótimas participações de Leandra Leal, Augusto Madeira e Emanuelle Araújo, que interpreta Gretchen. Domingos Montagner, que morreu no ano passado, também aparece como um dos mentores de Augusto.
Para quem cresceu nos anos 1980, “Bingo – O Rei das Manhãs” tem toda uma questão envolvendo a nostalgia, mas mesmo quem só conhece Bozo por nome vai se divertir assistindo ao filme, que não é uma biografia de Arlindo Barreto. A torcida é pra que “Bingo” abra as portas para a celebração da cultura pop brasileira.