Um empresário que equipou o apartamento de Gabriel Chalita (PMDB-SP) levou ontem ao Ministério Público papéis que comprovariam que ao menos parte da despesa foi paga por um grupo que tinha contratos com a Secretaria da Educação de São Paulo na gestão do deputado.
Segundo os documentos apresentados pelo empresário Cesar Valverde, uma das responsáveis pelo pagamento da instalação de equipamentos eletrônicos no duplex de Chalita foi a Interactive, ligada ao grupo COC.
Empresas do COC, incluindo a Interactive, receberam R$ 14 milhões da Secretaria de Estado da Educação durante a gestão de Chalita, por compras feitas sem licitação, de 2002 a 2006.
O peemedebista não quis se pronunciar.
A Interactive foi criada 1999 por Nilson Curti, superintendente do grupo COC, e pelo analista de sistemas Roberto Grobman para vender softwares educacionais para escolas públicas.
Atualmente, ela faz parte do grupo, do empresário Chaim Zaher, e passou a se chamar SEB.
Em uma série de depoimentos ao Ministério Público, Grobman afirmou que o serviço no apartamento era parte de propinas pagas pelo COC a Chalita em troca de contratos com a secretaria. O COC também contratou Chalita para palestras e comprou 34 mil livros do deputado.
Os documentos foram entregues ao promotor Nadir de Campos Jr. A nota fiscal do projeto de automação foi emitida em nome da Interactive.
No depoimento, o empresário relatou que foi procurado pela advogada Marcia Alvim, uma das principais assessoras de Chalita, para realizar o serviço.
Valverde ainda confirmou o teor de e-mails entregues por Grobman ao Ministério Público. Em um deles, Valverde indica a conta pessoal que mantinha no Bank of America, na Flórida, para que fossem depositados US$ 79.723 referente aos equipamentos.
Na mesma série de e-mails, Grobman diz que precisa fazer o pagamento a Valverde com urgência. Em seguida, o dono do COC determina o repasse, segundo o e-mail.
De acordo com Grobman, o dinheiro foi repassado de uma conta do dono do COC no Banco Safra, nos EUA.
OUTRO LADO
A assessoria do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) informou que ele só vai se pronunciar depois que o seu advogado, Alexandre de Moraes, ter acesso ao depoimento de Cesar Augusto Valverde e a toda a documentação colhida pelo Ministério Público.
A Folha revelou em fevereiro que Chalita era investigado em 11 inquéritos pelo Ministério Público, todos abertos a partir de depoimentos do analista de sistemas Roberto Grobman. Ele diz que foi colocado para assessorar Chalita na Secretaria da Educação pelo grupo COC.
O empresário Chaim Zaher afirmou por meio de nota que “o grupo SEB não tem entre seus fornecedores a empresa Valverde e não reconhece qualquer pagamento feito em favor da referida empresa”.
Segundo a nota, “o grupo aguardará ter acesso ao depoimento para se posicionar nos autos com mais elementos sobre o que efetivamente tenha sido afirmado”.
Fonte: folha de São Paulo