Com o objetivo de reduzir o crescente número de furtos de cabos semafóricos na capital, agentes de trânsito passaram a ocupar, nesta quinta-feira (12), o Centro Integrado de Operações (COP) durante a madrugada para monitorar a situação: sempre que um sinal tiver problemas, um alarme vai tocar no sistema, e forças de segurança, como Polícia Militar (PM) e Guarda Municipal, vão ser acionadas na hora, para tentar prender os criminosos. Somente no primeiro semestre deste ano, a quantidade de cabos de semáforos furtados em Belo Horizonte cresceu 120% em comparação com o total do ano passado. Já são 64 mil metros de cabos furtados, o equivalente à distância entre a capital e Mateus Leme, na região metropolitana. Em 2017, foram 29 mil metros.
“A gente colocou uma equipe na madrugada para ficar operando o sistema, para ver se consegue pegar o criminoso na hora. Nós temos 1.029 cruzamentos semaforizados na cidade, e 82% desses são centralizados. Temos condições de detectar no COP quando ele está com problemas, desativado ou em flash”, afirma o gerente de Sinalização Semafórica da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Antônio Celso Silva Medeiros. Segundo ele, é durante a madrugada que a maioria dos crimes ocorre. O foco dos bandidos é o cobre presente nos cabos.
Os furtos dos cabos causaram prejuízo de R$ 261 mil nos seis primeiros meses deste ano, quando 289 ocorrências foram registradas. Mas as perdas também podem ser percebidas no dia a dia, no trânsito da cidade – em média, de cinco a oito semáforos têm problemas por dia por causa de roubos. “Quando o semáforo para de funcionar, deixa de fazer controle do direito de passagem dos veículos e dos pedestres, e isso gera atrasos consideráveis nos deslocamentos. Além de comprometer o desempenho do trânsito, a situação potencializa o risco de ocorrência de acidentes”, diz Medeiros. O conserto pode levar de horas a dias, dependendo da complexidade.
Recordistas. As avenidas Antônio Carlos, Américo Vespúcio e Bernardo Vasconcelos estão entre as que mais têm problemas de furtos de cabos, conforme Medeiros. O cruzamento da avenida Tereza Cristina com a Via 210, na altura do Betânia, na região Oeste da cidade, está fechado desde o início deste mês por causa dos crimes: uma ocorrência registrada no dia 26 de junho foi solucionada em 2 de julho, e, no mesmo dia, o cabeamento reposto foi roubado. “Tem locais em que a gente não consegue manter o semáforo operante, é só colocar, e o roubo acontece de novo”, afirma.
Para prevenir os crimes, a BHTrans afirmou que tem buscado utilizar materiais com menor atratividade, como plástico, nos focos dos semáforos para pedestres.
Medidas
Urgência. A BHTrans informou que, além de buscar o restabelecimento dos semáforos, instala sinalização operacional, e, em locais com mais trânsito, agentes operam presencialmente nos cruzamentos.
Polícia diz que faz operações, mas que reincidência é grande
Quem furta os cabos semafóricos busca o cobre presente nos materiais, revendido no mercado clandestino, segundo a Polícia Militar (PM). “Moradores de rua e usuários de droga, geralmente, subtraem os fios de cobre, que têm um valor econômico considerável. O pessoal queima o plástico que reveste o cobre e vende a parte metálica para ferros-velhos clandestinos”, afirma o tenente Washington Junio Amaral, da 6ª Companhia do 1º Batalhão da PM.
Segundo ele, existe alta reincidência nesse tipo de crime, por causa da legislação branda. “Eles respondem por furto e podem responder por dano, quando não conseguem furtar o cabo”, afirma. O tenente lembra, ainda, que quem compra os fios furtados pode responder por receptação. “A PM tem feito operações nos locais onde há maior incidência criminal e monitoramento via Olho Vivo. É importante que as pessoas acionem a polícia”, diz.
Professor da engenharia elétrica na Una, Pablo Roberto Julião diz que o quilo da sucata de cobre pode custar até R$ 17. “O cobre é um produto de altíssimo valor, mesmo a sucata, e é facilmente reciclado”, explica o professor, ressaltando que o furto dos cabos envolve o risco de choque elétrico.
Segundo ele, entre as soluções possíveis para minimizar os crimes estão a substituição de cobre por produtos de menor valor, como alumínio, o que já é feito, e o investimento em redes subterrâneas.
Saiba mais
Polícia Civil. Informou que age em conjunto com as forças de segurança do Estado por meio do compartilhamento de dados, com o objetivo de reprimir de forma qualificada o crime.
Guarda Municipal. Disse que a prefeitura tem planejamentos para coibir os furtos e atuar na venda e recepção dos produtos. Na próxima semana, haverá uma reunião com a PM, Polícia Civil e PBH para tratar sobre o assunto.