Enquanto Raquel Pacheco e Deborah Secco ganham destaque da mídia, com a estreia do filme “Bruna Surfistinha”, quem vive na pele ser uma garota de programa acostuma-se à clandestinidade. Ana Luiza, 24, há dois trabalhando como acompanhante, prefere dar o nome de trabalho e uma idade dois anos abaixo, devido a preferência dos clientes pelas mais jovens. “Se eu tivesse uma história como da Bruna Surfistinha, que tinha pai e mãe com boas condições financeiras, jamais entraria nessa vida”, disse ela.
Ana Luiza é filha de uma doméstica e de um caminhoneiro e morava em uma favela no bairro Canaã, zona oeste de Uberlândia, em uma rua sem asfalto. “Passei fome. Era muito pobre”, disse a prostituta que tem um filho de 6 anos. “Tudo que eu não tive quando criança, hoje posso dar para ele. Limpei meu nome do SPC, o da minha mãe e comprei meu carro. Tenho fartura de comida na minha casa”, disse ela, que recebe acima de R$ 200 por programa. “Já cheguei a fazer seis em um dia”.
Ela conta que voltou a Uberlândia há dois meses. Trabalhou em boates na capital e interior paulista, onde conheceu várias meninas em situações diferentes da dela. “Tem muita garota que faz programa só para comprar roupa. Eu nem vou em balada para sobrar mais. Prefiro levar minha mãe e meu filho para uma churrascaria.”
Ana Luiza avalia a história de Bruna Surfistinha e não acredita que ela tenha saído definitivamente da prostituição. “Daqui um tempo, ninguém vai lembrar quem é ela. E se ela não der certo com o marido, volta a fazer programa. Certeza. Já vi várias fazendo isso.”
Ana Luiza quer fazer faculdade
Assim como Bruna Surfistinha, que se recusa em certa época da vida a ser Cinderela à procura de um príncipe, Ana Luiza também diz que não consegue se apaixonar pelos clientes ou quem quer que seja. “Quem faz programa, pensa no dinheiro. Eu já morei com o pai do meu filho e depois me apaixonei por outro homem. Sofri demais e decidi cuidar da minha vida”, disse a garota de programa.
Recentemente, Ana Luiza terminou o ensino médio e para o futuro, pensa em cursar uma faculdade de Administração de Empresas e montar um negócio, para trabalhar com a mãe. “Minha mãe cozinha, posso montar um restaurante. Ela é minha melhor amiga e sabe tudo da minha vida, desde o primeiro programa que fiz”, afirmou Ana Luiza.
Reportagem: Núbia Mota – Correio