O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou ao final da manifestação, convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Sob gritos de “olê, olê, olá, Lula, Lula”, ele disse que “está ficando cada vez mais claro que o golpe dado nesse país não foi apenas contra a Dilma, contra os partidos de esquerda”, mas também para “acabar com as conquistas da classe trabalhadora ao longo de anos, com a reforma trabalhista e da Previdência”.
Do ponto de vista político, Lula partiu para oposição frontal ao Temer. Disse que ele deveria ser diretor de associação comercial. Chamou seu governo ilegítimo duas vezes, disse que lhe falta reconhecimento internacional, que ele não tem coragem de ir à Bolívia. Ele apresentou um “programa de governo” com propostas para crescimento econômico. Encerrou seu discurso de pouco mais de 8 minutos com um “até a vitória”.
“Quem pensa que o povo está contente está errado”, afirma Lula. “Esse povo só vai parar quando eles elegerem um presidente democraticamente”, afirmou.
Participaram também da manifestação centrais sindicais, como CUT, Conlutas e CGT, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), sindicatos de categorias como professores e bancários, militantes de movimentos negro, LGBT, feminista e anarquistas, entre outros.
A Força Sindical e a UGT, que participaram de paralisações durante a manhã, não participaram da manifestação à tarde. A Folha apurou que as organizações orientaram os militantes a não irem para não “fortalecer o PT”.
O protesto começou às 16h e ocupou as duas faixas da avenida Paulista. A estimativa dos organizadores é que mais de 200 mil manifestantes tenham participado do ato. A polícia militar não fez medição do número de participantes.
Além da crítica à reforma da Previdência, os discursos também pediram greve geral, criticaram o racismo e o machismo e a saída do presidente, com gritos de “fora, Temer”.
Foi o primeiro ato unificado das duas frentes em 2017, que estiveram na linha de frente dos protestos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016. Além de São Paulo, manifestações ocorreram em diversas capitais, como Rio de Janeiro, Curitiba e Recife.
Mais cedo, professores da rede estadual de São Paulo se concentraram na Praça da República, onde realizaram assembleia em que aprovaram greve entre os dias 28 e 31 de março. De lá, seguiram para o ato na avenida Paulista.
Além de rejeitar a reforma da Previdência, a categoria também crítica a reforma do ensino médio e pede reajuste salarial e a saída do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A manifestação transcorreu sem problemas e começou a se dispersar por volta das 19h40. Até o encerramento deste texto, não houve confrontos com a polícia.