28042016 fernando pimentel esposa

Governador de Minas (PT) nomeia a própria esposa, investigada pela PF, como secretária no estado

Central de Jornalismo
Fernando Pimentel e a esposa
Fernando Pimentel e a esposa
Fernando Pimentel e a esposa, Carolina de Oliveira Pimentel

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), nomeou nesta quinta-feira (28) a sua mulher, Carolina de Oliveira Pimentel, como secretária de Trabalho e Desenvolvimento Social. A medida, na prática, pode fazer com que possíveis processos contra ela na Operação Acrônimo da Polícia Federal garantam foro privilegiado a ela e sejam julgados pelo Tribunal de Justiça mineiro –não pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) ou pela Justiça Federal.

A mudança é prevista em dois artigos da Constituição do Estado, que dão ao tribunal a competência de julgar crimes comuns e de responsabilidade de secretários. Caso saia do STJ para o TJ, ela teria oportunidade de apresentar maior quantidade de recursos.

Carolina, que substitui André Quintão no comando da pasta, é investigada na Acrônimo sob suspeita de ter recebido, por meio de sua empresa, a Oli Comunicação, valores que na verdade teriam sido transferidos para a campanha do governador em 2014. Em maio do ano passado, uma antiga residência dela foi alvo de busca e apreensão.

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A Oli também recebeu pagamentos milionários de empresas que firmaram contratos com o BNDES, segundo a PF. Esses repasses teriam ocorrido entre 2012 e 2014, período em que Pimentel era ministro do Desenvolvimento -pasta ao qual o banco é vinculado.

A primeira-dama ainda é suspeita de ser sócia oculta da agência Pepper, ligada ao PT, cuja dona Danielle Fonteles fechou acordo de delação premiada.

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No último dia 11, Pimentel foi indiciado pela PF sob suspeita de corrupção passiva, tráfico de influência, organização criminosa e lavagem de dinheiro. No dia 15, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, suposto operador do esquema, foi preso em Brasília.

Em Minas, a oposição já estuda meios de entrar na Justiça contra a nomeação, que classifica como “desvio de finalidade” para ajudar a primeira-dama judicialmente.

Após a posse de Pimentel, Carolina assumiu o Servas, serviço de assistência social ligado ao Estado. Ela estava de licença-maternidade depois do nascimento de sua primeira filha com o governador, em 8 de dezembro.

OUTRO LADO

Procurado, o governo de Minas Gerais afirmou que a indicação de Carolina partiu do próprio ex-secretário André Quintão, que reassume seu mandato na Assembleia Legislativa.

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“A mudança na Sedese já estava planejada e aguardava apenas o retorno da Primeira-Dama da licença maternidade. Ela ocorre como parte da segunda fase da reorganização administrativa do Estado”, diz nota do governo.

Ainda segundo o comunicado, Quintão vê na primeira-dama “a substituição natural para que não haja descontinuidade nas políticas públicas da pasta”, que “já vinham sendo tocadas em parceria” com o Servas.

O advogado de Carolina, Pierpaolo Bottini, diz que mesmo com a nomeação “não há razão” para a defesa pedir ao STJ desmembramento e envio ao TJ de processo relativo ao caso.

“Se houver denúncia, ela vai ser oferecida ao STJ. Não há nenhuma razão para isso [pedido de desmembramento]. A nomeação não tem efeito nenhum”, afirmou à reportagem.

Ele também diz que mesmo com a nomeação, nada muda nas investigações da Polícia Federal.

Folha de S. Paulo

TV Tudo Em Dia

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