O presidente Michel Temer admitiu nesta sexta-feira, 22,em café da manhã com jornalistas, que, se a reforma da Previdência não for aprovada pelo Congresso Nacional no próximo ano, será uma derrota simbólica para o governo. Segundo ele, caso a proposta não seja aprovada, haverá uma quebra do controle da inflação e dos juros no País, além de descrédito de natureza nacional e internacional.
“Acho que perde o governo até simbolicamente. Mas, na verdade, o que vai acontecer (se a reforma não for aprovada) é o seguinte. O problema é: a inflação está sob controle, juros sob controle. O que pode ocorrer é exatamente a quebra desse controle que hoje existe. Seria péssimo para economia. Além do descrédito de natureza nacional e internacional”, declarou Temer no evento.
O presidente afirmou que, caso a reforma não seja votada em fevereiro na Câmara, como está previsto, a ideia é manter o tema na pauta do Legislativo. “Se não conseguir, digo eu, paciência. Mas não quero ser pessimista. Sou otimista. Acho que, a essa altura, já está havendo um esclarecimento dos mais variados que levarão colegas e amigos parlamentares a convicção de que vale a pena aprovar a reforma”, afirmou.
Temer disse acreditar que, até o momento da votação, outros partidos fecharão questão para obrigar seus parlamentares a votarem a favor da matéria. Até agora, já fecharam questão PMDB, PPS, PTB e PSDB. Esses partidos, porém, não estabeleceram que tipo de punição sofrerão deputados e senadores que não seguirem a orientação da direção partidária e votarem contra a reforma da Previdência.
Também presente no café da manhã, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que, se a reforma não for aprovada, o gasto com a Previdência Social chegará a 80% do Orçamento em um prazo de 10 anos. Hoje, segundo ele, esse gasto já representa “cerca” de 50% do Orçamento. “A Previdência no Brasil não é uma questão de opinião, é uma necessidade numérica, fiscal”, disse o ministro.
Meirelles também se disse confiante na aprovação da reforma. Segundo ele, há uma “evolução favorável a cada dia que passa” no trabalho de convencimento dos parlamentares para aprovar a reforma em fevereiro. “A reforma será feita. O que estamos discutindo aqui não é um ‘se’, é o ‘quando’. E o quando é agora, em fevereiro. (…) Se a reforma não for aprovada, daqui a um tempo não teremos mais recursos para educação, saúde e segurança”, declarou.
O ministro da Fazenda disse ainda que, se a reforma da Previdência não for aprovada, todo o processo de recuperação da economia pode ser prejudicado. “Temos todo um processo de recuperação da economia, de quebra da inflação, como mencionado pelo presidente, que está baseado numa trajetória fiscal projetada no Brasil para próximo ano. Evidentemente, se isso é colocado em questão, é colocado em questão todo um aumento de confiança”, disse.