Na maioria das vezes cheio de pacientes aguardando atendimento, o espaço para triagem do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, estava vazio no início da tarde desta terça-feira (12) horas após o início da greve dos médicos. Eles suspenderam desde as 7h todos os atendimentos na unidade com exceção dos casos de urgência e emergência.
Além de reivindicarem da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) salários atrasados, os médicos reclamam que a assistência aos pacientes em estado grave que vão ao João XXIII está prejudicada pela falta de profissionais na unidade. O hospital é referência no atendimento a pessoas que sofreram traumatismo múltiplos, queimaduras e intoxicações.
Segundo o médico-cirurgião do João XXIII, Marcelo Girundi, a grande procura de pacientes por socorro no hospital, que apresentam enfermidades ou ferimentos mais simples, agrava ainda mais a situação.
De acordo com ele, aproximadamente 300 pessoas são atendidas diariamente na unidade, sendo que metade delas não representam casos graves.
“Sabemos que cerca de 50% dos casos não são de pacientes para serem atendidos aqui. São pessoas que poderiam ser socorridas em unidades básicas de saúde, o que ocasionaria uma congestão menor no hospital e seria melhor para os pacientes de emergências e urgências”, afirma.
“Uma das nossas reivindicações durante essa greve é exatamente pedir respeito à missão do hospital. Hoje estamos sobrecarregados com casos menos graves”, completa.
Problemas na estrutura
Outras reivindicações dos médicos em greve são referentes aos equipamentos e à estrutura do João XXIII. Os profissionais alegam, por exemplo, que as tomografias realizadas pelo hospital estão comprometidas, pois um dos dois aparelhos está em fase de testes e o outro apresentou problemas técnicos.
Ainda de acordo com eles, os elevadores da unidade não estão funcionando e as instalações sanitárias são inadequadas.
“Faltam condições de trabalho dentro do hospital hoje. Tem uma série de problemas acontecendo. Sem contar que temos leitos no CTI desativados por falta de médicos, com escalas desfalcadas, além dos salários que continuam atrasados”, reclama Marcelo Girundi.
Até que os problemas apresentados pelos médicos do João XXIII seja resolvido, a greve iniciada ontem continua por tempo indeterminado. Os casos que não são de urgência e emergência serão encaminhados para outras unidades da capital.
“A nossa expectativa é que a Fhemig entenda o grave problema pelo qual o hospital está passando e que o governo Estadual se sensibilize com essa situação e que o atendimento volte ao normal, mas dentro da missão do hospital que é atender as urgências e emergências do Estado tão somente”, encerra o médico.