Enquanto o Estado e os professores não chegam a um acordo sobre o fim da greve iniciada em 8 de março, quase meio milhão de alunos já ficaram sem aulas em Minas Gerais. Na terça-feira (3), a Secretaria de Estado de Educação (SEE) havia contabilizado 445.709 alunos atingidos, de um universo de dois milhões da rede estadual. Na quarta-feira (4), o índice divulgado foi de 379.941. Esses números são informados pelas instituições de ensino diariamente para a pasta e sofrem variações – uma vez que nem todas as instituições relatam a situação de momento. Conforme o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE-MG) a adesão da categoria atinge 40% dos professores do Estado.
Em assembleia realizada nesta quarta-feira, os professores decidiram manter a greve até, pelo menos, a próxima terça-feira – quando a Assembleia Legislativa deve apresentar à categoria uma Proposta de Emenda à Constituição que pode garantir a adoção do piso nacional aos professores de Minas.
A notícia de que a greve deve durar mais uma semana preocupou a dona de casa Genoveva Maria Silva Fernandes, 48. Desde o início da paralisação, a filha dela, Rosana Gabriela Fernandes Silva, 12, tem acordado tarde e preenchido as horas do dia com o celular. “Ela não tem nem matéria para ficar estudando. O ano mal começou, e os professores já entraram em greve”, reclamou.
Já no caso da adolescente Izabele Alves de Souza, 16, o tempo livre foi preenchido por um curso de menor aprendiz. A matrícula foi feita pelo pai dela. “Ele não queria que ela ficasse na rua, e ela ficava o tempo todo dentro de casa, trancada, vendo televisão”, revelou a avó da adolescente, a diarista Valdívia Pereira Costa, 56.
Mesmo com o curso na Rede Cidadã, a família de Izabele se preocupa com a persistência da paralisação. “Eles falam que vão repor as aulas, e depois não cumprem a carga horária direito. Quando chega o fim do ano, eles empurram tudo de uma vez para o aluno aprender, ensinam tudo na pressa, e os alunos acabam não aprendendo nada direito”, acrescentou Valdívia.
A Secretaria de Estado de Educação informou, por meio de nota, que um calendário de reposição de aulas deve ser proposto nas escolas que aderiram ao movimento logo após o fim da paralisação.
A coordenadora geral do Sind-UTE-MG, Beatriz Cerqueira, reiterou que a greve “é uma luta também pela qualidade da escola pública”. “Precisamos superar essa situação de que todo ano a categoria precisa se mobilizar pelo mínimo de direitos”, afirmou a sindicalista.
Balanço
Conforme a SEE, 1.193 escolas informaram que funcionam normalmente. Outras 444 relataram que paralisaram parcialmente as atividades, e 214 disseram que paralisaram totalmente.