A administração do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) afirmou que a equipe médica que atuou no parto de um recém-nascido que teve a cabeça decapitada, em meio ao procedimento, realizou todos os esforços para “garantir a vida da gestante”. O procedimento aconteceu na madrugada da última segunda-feira (1º/5), e o bebê prematuro teria tido a cabeça arrancada do corpo ainda dentro da barriga da mãe.
Em entrevista ao Estado de Minas, a advogada da família contou que o parto induzido do bebê começou durante a noite de domingo (30/4). Depois de um tempo, a cabeça do recém-nascido teria “apontado”, e a médica responsável pelo procedimento, chamado o pai e avó para que vissem a criança.
Ao constatar que o parto “natural” seria difícil, a especialista ainda teria feito dois cortes na mulher, sem anestesia, para facilitar a saída da criança. Mesmo assim, a obstetra ainda teria subido em cima da mãe e pedido para que ela fizesse força.
“Nessa de puxar a cabecinha da criança com as mãos para tentar tirar o corpinho, fazer a criança nascer efetivamente, aconteceu essa tragédia de separar a cabeça do corpo da criança”, contou a advogada.
Por meio de nota, o Hospital das Clínicas informou que um processo administrativo interno foi aberto para “apurar os fatos”. Além disso, a administração afirmou que a equipe “realizou todos os esforços para garantir a vida das gestantes".
A reportagem também questionou o hospital se o bebê estava vivo no momento do parto, por que a polícia não foi acionada após a constatação da decapitação do bebê e se a unidade já identificou como a cabeça da criança foi arrancada, mas a administração não respondeu a nenhuma das perguntas.
Problemas de saúde
Ainda de acordo com a advogada da família, a mãe da criança já havia sido internada uma semana antes do parto com um quadro de hipertensão. “Deram alta para ela na quarta-feira (26/4). Na sexta (28/4), ela retornou ao hospital, pois estava muito inchada, com retenção de líquido e pressão nas alturas. Assim sendo, avisaram para ela que precisariam induzir o parto”.
O hospital informou que a gestação estava na 30ª semana e que a equipe de Medicina Fetal já havia constatado que o feto tinha malformações, incluindo no pulmão. “Durante a internação, a gestante evoluiu para agravamento do seu quadro clínico, com elevação da pressão arterial e edema generalizado. Devido à gravidade do quadro materno e à inviabilidade fetal, o corpo médico optou pela indução do parto”.
Polícia Civil investiga caso
A Polícia Civil (PC) afirmou que um inquérito foi instaurado para apurar as causas e circunstâncias do caso. Além disso, a PC disse estar investigando se houve erro ou negligência médica. Ainda de acordo com o órgão, o corpo da recém-nascida foi submetido a necropsia no próprio hospital. Veja a nota na íntegra:
“Em relação ao ocorrido na segunda-feira (1/5) em uma unidade hospitalar, no bairro Santa Efigênia, na capital, a PCMG informa que a recém-nascida morreu durante o parto e esclarece que o corpo foi submetido a necropsia no próprio hospital. Um inquérito foi instaurado para apurar as causas e circunstâncias do ocorrido e diligências estão sendo realizadas com o intuito de elucidar o caso e para apurar se houve erro ou negligência médica. Tão logo seja possível, outras informações serão divulgadas”.