O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro de Uberaba identificou a bactéria que pode ter matado quatro bebês na instituição nessa terça-feira (20). Nesta quarta-feira (21), a assessoria de imprensa da unidade afirmou que resultados de exames realizados a partir de amostras sanguíneas dos recém-nascidos apontaram para a bactéria Enterobacter cloacae multissensível, que não é uma bactéria multirresistente.
Todas as crianças estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do hospital, que tem 20 leitos, sendo que 18 deles estavam ocupados. O local foi isolado e não receberá novos pacientes por tempo indeterminado.
Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, a Enterobacter é comum em ambientes hospitalares. “Algumas vezes, ela é prevenível, e, em outras, devido à debilidade da própria pessoa que se infecta, por mais que você tome todas as precauções, ainda sim pode causar infecções”, explicou o médico.
De acordo com o profissional de saúde, existem dois tipos da bactéria: um deles é o multissensível, neste caso, ela é combatida com uso de antibióticos. O outro é a multirresistente, que precisa ser ataca também com outros medicamentos por ser mais forte. No caso do hospital de Uberaba, por meio de nota, a instituição informou que a bactéria que atingiu os bebês é multissensível.
“Muitas vezes essas infecções são graves e precisam de tratamento rápido. Em relação à situação desse hospital, só mesmo as pessoas que trabalham nele poderão avaliar se houve algum descuido em relação ao controle de infecções ou se, na verdade, foi mesmo a consequência de uma dificuldade dos próprios pacientes de lidarem com essas bactérias devido ao estado de saúde”, afirmou Urbano.
Outras vítimas
Ainda em comunicado, o hospital afirmou que outros dois bebês que estão internados na instituição apresentam a bactéria e estão recebendo tratamento. “Ele é basicamente com antibióticos. Se o paciente está muito grave, ele deverá ser mantido na UTI até que os remédios comecem a fazer efeito. Cada caso é um caso, e não existe prazo para que a medicação comece a fazer efeito”, disse Urbano.
O Hospital de Clínicas informou que todas as medidas ligadas à higiene e prevenção de infecções estão sendo tomadas, além de garantir que continua com uma investigação para tentar identificar a fonte da contaminação. A Vigilância Sanitária da cidade também acompanha a situação.
Saiba mais
O que causa:
A bactéria Enterobacter cloacae multissensível pode causar infecções diversas: pulmonares, urinárias e da corrente sanguínea.
Em risco
Pessoas mais propensas à contaminação são os pacientes mais debilitados, que precisam ficar muito tempo internados.
Prevenção
Higienização das mãos dos profissionais de saúde antes e depois de tocarem nos pacientes. Procurar manter pacientes em ambientes livres dessas bactérias. Evitar uso de antibióticos de forma indiscriminada.
Tratamento
Imediato, com o uso de antibióticos sob orientação médica.
Apoio de cidades vizinhas
Com a interdição da UTI Neonatal do Hospital das Clínicas de Uberaba, bebês que precisarem ser internados serão redirecionados para outras unidades de saúde. “O Estado e o município têm o dever de garantir atendimento aos pacientes. Sendo assim, ficou definido que gestantes de risco e bebês que necessitarem de UTI serão encaminhados ao Hospital Mário Palmério Hospital Universitário de Uberaba e também vamos recorrer às cidades vizinhas, como Uberlândia, Araguari e Patos de Minas”, disse a promotora Cláudia Alfredo Marques.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informou que tomou conhecimento dos casos de morte no Hospital de Clínicas de Uberaba e orientou a unidade de saúde nas providências iniciais de investigação e averiguação das mortes. Além disso, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do hospital está acompanhando a situação e avaliando as demais medidas necessárias.
KPC
Em nota, a assessoria de imprensa do HC-UFTM de Uberaba afirmou que exames descartaram a possibilidade de que os bebês mortos tenham sido vítimas da superbactéria KPC. Segundo a instituição, os casos de KPC no hospital, em 2017, não foram registrados na UTI Neonatal. Além disso, não há nenhum paciente com KPC no complexo hospitalar atualmente.