É certo desenvolver humildade em um ambiente competitivo? Produtividade empresarial e o “foco” nos resultados combinam com a humildade?
Em 2011 conversava com um dos líderes de uma grande empresa enquanto almoçávamos em um restaurante na cidade de São Paulo. Curioso pelas habilidades que ele reconhecia em si mesmo, perguntei-lhe qual era, em sua opinião, sua maior qualidade. Minha mente foi surpreendida pela sinceridade de sua resposta: “A humildade. Sou uma pessoa muito humilde”, ele disse. Até onde é possível se reconhecer como “humilde”?
Durante muito tempo tem se confundido o conceito de humildade com os conceitos de “idiotice” ou “submissão”. É possível que o conceito tenha se popularizado a partir de uma má compreensão das palavras de Jesus (escritas no texto bíblico) e divulgadas através do cristianismo quando disse “sede mansos e humildes de coração” para depois, ser crucificado. A maravilhosa notícia para o meio empresarial, é que em um mercado altamente competitivo e veloz, a humildade pode se transformar em uma vantagem competitiva individual.
“A humildade é a virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza”, diz o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Esta relacionada com o reconhecimento de nossa limitação e a existência de outras pessoas com um saber maior do que o nosso. A humildade, portanto, pode também ser considerada como a capacidade de não tentar se projetar sobre as outras pessoas para se mostrar como superior a elas; e pode até estar relacionada indiretamente com o bom senso.
Humildade não é a capacidade de esconder qualidades, mas a capacidade de saber utilizá-las nos momentos adequados. Lembro-me muito bem de uma conversa que tive com o Lee, colega de origem japonesa que ao ser perguntado sobre sua competência em falar o idioma japonês, respondeu “mais ou menos”. Jonatas, um amigo que ouvia a conversa, me explicou a situação: “os japoneses não costumam exaltar suas qualidades, mas quando são postos a prova, eles executam suas tarefas com louvor”. Foi exatamente o que percebi quando soube que o Lee tinha feito uma especialização durante dois anos no idioma japonês em uma Universidade Japonesa. Em questão de humildade, a verdadeira diferença esta entre o falar e o fazer.
Recentemente fui almoçar com um colega de trabalho. Havia aproximadamente um ano que não conversávamos. Calado e quase sempre “na dele”, eu acreditava que não haviam acontecido grandes mudanças na vida do Renato. Para minha surpresa, naquele dia soube que o Renato estava aprendendo habilidades para liderar, estudava o segundo curso universitário e tinha desenvolvido uma ótima visão crítica.
Em outras palavras, a humildade apresenta a capacidade que um indivíduo tem de falar de si mesmo em um momento adequado, da maneira adequada e com as pessoas adequadas. Alguém disse que a pessoa que efetivamente sabe conversar é aquela que não se vale da própria exaltação ou da própria vida para levantar um assunto interessante e criar uma ótima conversa.
Pense comigo. Ninguém gosta dos orgulhosos, dos egoístas (aqueles que guardam conhecimento e outras coisas para si) ou daqueles que se acham os “bacaninhas” ou os “especialistas” no trabalho, seja pelas suas atitudes ou pelos seus conhecimentos.
É possível equilibrar nossos comportamentos, principalmente quando reconhecemos a existência de alguém que sabe mais do que nós e alguém que sabe menos também. Quando nos deparamos com alguém com maior conhecimento, convém nos apresentarmos com todo o desejo de aprender, mas quando esse alguém tem um menor conhecimento, porque não “descer de nosso pequeno pedestal” e abraçar o papel de líder-educador e mentor? Em um mundo em constante mudança e com enorme capacidade de desenvolvimento pessoal e profissional, a humildade surge como um diferencial. Vamos desenvolvê-la?
Fonte:http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/humildade-no-trabalho/67568/